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Capítulo 12: XII - Outro depoimento

Página 130
corando mais e possuída de sobressalto, que não conseguiu disfarçar sob sorrisos:

– Jenny – disse, com a voz trémula de comoção – eu sei que a menina é minha amiga e julgo que o melhor é contar-lhe tudo…

– Seja o que for que tem para me dizer, se o que a faz hesitar é a dúvida da minha amizade, posso assegurar-lhe, Cecília, que…

– Não, não é, não podia ser – acudiu Cecília, e, por um movimento rápido, impensado, irresistível, levou aos lábios as mãos delgadas de Jenny, que não lhe pôde fugir a tempo.

– Que está a fazer?! – disse Jenny, rindo.

– Deixe-me; sabe como eu lhe quero, sabe a confiança que tenho em si, Jenny, pois não sabe? Mas é que… há certas coisas que sempre custam a dizer.

Jenny sorriu com expressão particular; previa uma confidência amorosa no embaraço de Cecília.

Cecília compreendeu a significação daquele sorriso, porque se apressou a dizer:

– Não, não é o que julga, Jenny. Não teria a menor hesitação em lho dizer, se fosse isso. Pode crê-lo.

Apesar da segurança com que Cecília o afirmava, duvido de que, tão sem custo, se resolvesse a fazer uma confidência que, sendo a primeira desse género, faz titubear os mais arrojados. Mas acreditemo-la sob palavra, que não temos outro remédio.

– Seja o que for – respondeu Jenny, procurando inspirar-lhe confiança – não deve ter escrúpulos em mo revelar. Escrúpulos porquê? Não somos raparigas ambas? Da mesma idade quase?

– Mas a Jenny é tão diferente de todas nós! Tem tanto juízo, que não pode deixar de estranhar certas coisas, que nós, as que temos a cabeça leve, fazemos sem pensar, e de que mais tarde nos arrependemos.

– Está a ser injusta ao mesmo tempo comigo e consigo, Cecília. Nem essa cabeça é leve, nem eu da sisudez que me faz.

– Pois bem – continuou

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pág. 130 (Capítulo 12)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 130

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432