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Capítulo 12: XII - Outro depoimento

Página 131
a filha de Manuel Quintino – estou resolvida a contar-lhe tudo, mas há-de prometer-me dizer no fim, com a maior franqueza, o que pensa do que eu lhe contar, sim? Olhe que ficamos de mal, se me não disser a verdade, ainda que me seja desfavorável.

– Não há-de ser.

– Adivinho que será.

– Ó meu Deus! Cecília, está a assustar-me – disse Jenny, jovialmente. – Há no seu rosto e nas suas palavras tal expressão de terror, que me mete medo! Praticaria de facto algum crime?…

Estas palavras de Jenny, e ainda mais o tom em que foram ditas, fizeram rir Cecília e atenuaram muito a timidez com que lutara até ali.

– O que eu quero então – disse ela – é que me deixe continuar, enquanto falo, a cercadura deste cabeção, que ficou em meio. Não sei de que é, mas acho-me mais à vontade tendo os olhos entretidos.

– Como quiser; mas, nesse caso, deixe-me ocupar também os meus, examinando o fundo da saca.

– Não trago mais nada, a não ser…

– Está bom, está bom; eu verei o que é. Principie.

Aplicadas assim cada uma à ocupação que escolheram, Cecília principiou:

– Não sei se já lhe tenho falado nas filhas do major Matos, minhas vizinhas há bastantes anos e antigas companheiras de mestra.

– Muitas vezes. Bem sei.

– Estas meninas são muito boas, muito minhas amigas, mas…

Jenny ergueu os olhos para Cecília, sentindo-a hesitar.

Cecília prosseguiu:

– Mas sobretudo o que são… – digo-lhe isto a si, Jenny – são ainda mais amigas de se divertir. O génio do pai, tão alegre como o de qualquer rapaz de vinte anos, não desmereceu nas filhas, que todos os dias inventam novos divertimentos.

– É uma felicidade ter um génio assim, pois não é? – disse Jenny, examinando um pequeno bordado.

– Isso não vale nada – acudiu Cecília, reparando também – não sei como o trouxe aí.

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pág. 131 (Capítulo 12)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 131

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432