Uma Família Inglesa - Cap. 13: XIII - Vida portuense Pág. 144 / 432

– Então como te parece uma ave aquilo, menina?

– Pois não acha? Olhe; vê ali a cabeça, depois uma asa, depois a outra? Olhe, agora ainda parece mais; até a cauda se conhece bem…

– Eu… se queres que te fale verdade… – continuava Manuel Quintino, sem perceber ainda a semelhança.

– Olhem que pai este! Pois deveras não vê? Para onde é que está a olhar?

E Cecília vinha colocar a sua bonita cabeça na posição da de Manuel Quintino, e tão perto, que o pai não perdia o ensejo de lha beijar na fronte.

– Ora diga, pois não lhe parece uma ave aquilo? – insistia Cecília.

– Eu… Ah! agora sim! – exclamou o velho, tendo afinal percebido a semelhança. – Agora, sim, senhora! Lá está, e que grande bico que ela tem! Eh! eh! eh!… ora o diacho!

– A menina faz favor de chegar aqui.

Era a criada Antónia que reclamava o conselho de Cecília em alguma dificuldade de administração doméstica.

Antónia era um tão genuíno tipo de criada de servir, que dispensa descrição.

Cecília retirou-se da varanda. Manuel Quintino permaneceu com os olhos fitos no sítio, para onde lhos dirigira a filha, até que a nuvem cor-de-rosa de todo se descoloriu e desformou.

Então baixou-os para a terra e cismava… na sua felicidade.

Passados instantes, Cecília aproximou-se pé ante pé, e, sem ser pressentida, veio por detrás dele e tapou-lhe os olhos com as mãos, perguntando:

– Adivinha quem eu sou?

– Ora tem muito que adivinhar! – respondeu Manuel Quintino, gracejando. – Pelas mãos se conhece logo. É a aguadeira.

– Ora vamos! – exclamou Cecília, rindo. – Mas para onde é que estava a olhar assim entretido, que nem me viu?

– Estava a ver umas obras que além se andam a fazer. Aquilo, se não me engano, é na casa do conselheiro Arantes.

– Ora se há-de olhar





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