Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: XIII - Vida portuense

Página 144
– Então como te parece uma ave aquilo, menina?

– Pois não acha? Olhe; vê ali a cabeça, depois uma asa, depois a outra? Olhe, agora ainda parece mais; até a cauda se conhece bem…

– Eu… se queres que te fale verdade… – continuava Manuel Quintino, sem perceber ainda a semelhança.

– Olhem que pai este! Pois deveras não vê? Para onde é que está a olhar?

E Cecília vinha colocar a sua bonita cabeça na posição da de Manuel Quintino, e tão perto, que o pai não perdia o ensejo de lha beijar na fronte.

– Ora diga, pois não lhe parece uma ave aquilo? – insistia Cecília.

– Eu… Ah! agora sim! – exclamou o velho, tendo afinal percebido a semelhança. – Agora, sim, senhora! Lá está, e que grande bico que ela tem! Eh! eh! eh!… ora o diacho!

– A menina faz favor de chegar aqui.

Era a criada Antónia que reclamava o conselho de Cecília em alguma dificuldade de administração doméstica.

Antónia era um tão genuíno tipo de criada de servir, que dispensa descrição.

Cecília retirou-se da varanda. Manuel Quintino permaneceu com os olhos fitos no sítio, para onde lhos dirigira a filha, até que a nuvem cor-de-rosa de todo se descoloriu e desformou.

Então baixou-os para a terra e cismava… na sua felicidade.

Passados instantes, Cecília aproximou-se pé ante pé, e, sem ser pressentida, veio por detrás dele e tapou-lhe os olhos com as mãos, perguntando:

– Adivinha quem eu sou?

– Ora tem muito que adivinhar! – respondeu Manuel Quintino, gracejando. – Pelas mãos se conhece logo. É a aguadeira.

– Ora vamos! – exclamou Cecília, rindo. – Mas para onde é que estava a olhar assim entretido, que nem me viu?

– Estava a ver umas obras que além se andam a fazer. Aquilo, se não me engano, é na casa do conselheiro Arantes.

– Ora se há-de olhar

<< Página Anterior

pág. 144 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 144

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432