– Não é nenhum impossível; se quiseres…
– Então promete levar-me lá?
– Prometo tudo o que tu quiseres.
– Veja o que diz! Depois, se lhe pedir alguma coisa difícil!
– Eu já estou costumado às tuas exigências.
– Sim? Pois eu tenho uma coisa a pedir-lhe.
– Há-de ser grande.
– E é, promete fazê-la?
– Diz lá.
– Mas promete?
– Mas diz primeiro.
– Não, senhor, prometa antes.
– Bem sabes que te não digo que não.
– Mas então que dúvida tem em prometer?
– Está bom, prometo.
– Dá-me a sua palavra?
– Dou a minha palavra – disse Manuel Quintino, rindo.
– Pois o que eu queria pedir-lhe – disse Cecília, passando os dedos por entre os cabelos brancos do pai – era que comprasse outro guarda-chuva, que, a falar verdade, aquele sempre está!…
– Ora! Cuidei que era outra coisa!
– Não importa; mas prometeu.
– Pois sim; mas escuta…
– Àgora escuto, que tenho mais que fazer.
E retirava-se apressada para não ouvir, dizendo:
– Não quero saber, prometeu!
Daí a pouco era o pai que a chamava.
– Cecília, ó Cecília! Anda depressa ver um vapor no mar.
Cecília correu à varanda.
– Vês?
– Agora estou como o pai há pouco com a nuvem.
– Pois não vês?! Olha; aqui mesmo ao direito daquela chaminé; entre aquela entreaberta de pinheiros.
– Bem vejo. Entra ou sai?
– Quer entrar; mas com o rio assim! Aquilo é vapor inglês. Ora traz-me o óculo.
– Agora é quase noite e não pode distinguir nada. E demais está frio, não será mau fechar a janela e vir cá para baixo. Eu tenho também de trabalhar e preciso de acender a luz mais cedo.
– Pois então vamos.
Principiava então ainda mais agradável passatempo para o honesto guarda-livros.