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Capítulo 13: XIII - Vida portuense

Página 145
para acolá, para aquelas árvores, põe-se a reparar nessas casarias! Não lhe apetecia estar ali, debaixo daqueles carvalhos?

– Não é nenhum impossível; se quiseres…

– Então promete levar-me lá?

– Prometo tudo o que tu quiseres.

– Veja o que diz! Depois, se lhe pedir alguma coisa difícil!

– Eu já estou costumado às tuas exigências.

– Sim? Pois eu tenho uma coisa a pedir-lhe.

– Há-de ser grande.

– E é, promete fazê-la?

– Diz lá.

– Mas promete?

– Mas diz primeiro.

– Não, senhor, prometa antes.

– Bem sabes que te não digo que não.

– Mas então que dúvida tem em prometer?

– Está bom, prometo.

– Dá-me a sua palavra?

– Dou a minha palavra – disse Manuel Quintino, rindo.

– Pois o que eu queria pedir-lhe – disse Cecília, passando os dedos por entre os cabelos brancos do pai – era que comprasse outro guarda-chuva, que, a falar verdade, aquele sempre está!…

– Ora! Cuidei que era outra coisa!

– Não importa; mas prometeu.

– Pois sim; mas escuta…

– Àgora escuto, que tenho mais que fazer.

E retirava-se apressada para não ouvir, dizendo:

– Não quero saber, prometeu!

Daí a pouco era o pai que a chamava.

– Cecília, ó Cecília! Anda depressa ver um vapor no mar.

Cecília correu à varanda.

– Vês?

– Agora estou como o pai há pouco com a nuvem.

– Pois não vês?! Olha; aqui mesmo ao direito daquela chaminé; entre aquela entreaberta de pinheiros.

– Bem vejo. Entra ou sai?

– Quer entrar; mas com o rio assim! Aquilo é vapor inglês. Ora traz-me o óculo.

– Agora é quase noite e não pode distinguir nada. E demais está frio, não será mau fechar a janela e vir cá para baixo. Eu tenho também de trabalhar e preciso de acender a luz mais cedo.

– Pois então vamos.

Principiava então ainda mais agradável passatempo para o honesto guarda-livros.

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pág. 145 (Capítulo 13)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 145

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432