Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 13: XIII - Vida portuense

Página 146

Desciam para a sala contígua ao quarto de Manuel Quintino; sala modestamente mobilada, mas em cada particularidade da qual se revelava o bom gosto de Cecília. Se ali dentro se não encontrava nenhum móvel de alto preço, nenhum objecto de elegância luxuosa, não havia também as ridículas demonstrações de um gosto grosseiro, amontoadas sem ordem, adquiridas sem escolha.

Descobria-se em todo aquele recinto um asseio e conchego que fazia bem contemplar.

Manuel Quintino sentava-se junto da mesa do trabalho, em uma cadeira de braços, verdadeiramente patriarcal; Cecília trazia luz, fechava as janelas, pousava a cesta da costura e vinha sentar-se ao lado do pai.

Manuel Quintino contava alguma coisa do ocorrido no escritório; Cecília correspondia-lhe, referindo o que, na ausência de Manuel Quintino, sucedera em casa.

Naquela noite o pai falou muito de Carlos, das suas travessuras, do seu estouvamento, dos enganos que naquela manhã lhe fizera ter na escrita, do episódio da aguardente, dos sentimentos de Mr. Richard para com o filho e, sobretudo, do bom coração do rapaz.

Cecília escutava-o com atenção, sem nunca o interromper com perguntas, mas também sem nunca levantar os olhos da costura, para os fitar no pai.

Nisto retiniu a campainha do portal.

– Aí está o homem – disse Manuel Quintino.

– Antónia, vá alumiar – bradou Cecília.

Ouviu-se Antónia descer pesadamente as escadas, depois algumas palavras trocadas no portal, os passos de duas pessoas subindo, e o homem, que Manuel Quintino parecia esperar, entrava para a sala, tirando o chapéu e cumprimentando os circunstantes com a invariável fórmula:

– Muito boas-noites, Sr. Manuel Quintino; muito boas-noites, menina.

Este homem era um vizinho e amigo de Manuel Quintino,

<< Página Anterior

pág. 146 (Capítulo 13)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 146

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432