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Capítulo 14: XIV - Iminências de crise

Página 164
agora; muito mais se, como ele, se está em pleno bosque e longe do rumor da cidade; se o sabe, não estranhará que, momentos depois, já assim estivesse pensando Carlos:

– Um amor bem verdadeiro, uma vida bem íntima com uma mulher, a quem se queira como amante, que se estime como irmã, que se venere como mãe, que se proteja como filha…, é evidentemente o destino mais natural ao homem; o complemento da sua missão na terra…

Quando Carlos Whitestone chegara a formular, no pensamento, esta profissão de fé, que, uma ou outra vez, concebeu toda a cabeça de vinte anos, ainda das mais azadas para desvairamentos, atingia a borda do pinheiral oposta àquela por onde havia entrado.

Dali por diante o terreno, mais desimpedido de árvores, era ocupado por campos em cultura, vinhedos, quintas e por as casas respectivas; umas juntas, outras dispersas, e mais ou menos graciosas todas.

Carlos sentou-se no pequeno muro de demarcação do pinheiral. O horizonte que tinha diante de si era vasto, e o olhar foi, quase ao extremo dele, fixar-se em uma das mais distantes daquelas casas, ainda que o espírito não tomasse a menor parte naquela aparente contemplação.

Tinha esta casa dois andares; era a face posterior a que se avistava dali. A varanda do primeiro andar estava toda entretecida de trepadeiras, que subiam do quintal. No intervalo das duas janelas florescia, em uma espécie de alegrete, um arbusto, ao que parecia, de camélias. Na varanda do andar de cima via-se, pendurada de uma corda, que se estendia em todo o comprimento dela, alguma roupa branca, sobre a qual o sol batia em cheio, fazendo-lhe realçar a alvura.

Como disse, demoraram-se naquele ponto da perspectiva os olhos de Carlos, sem que os seguisse, desde logo, o pensamento, absorto como estava ainda na sequência de meditações sobre os destinos do homem nesta vida.

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pág. 164 (Capítulo 14)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 164

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432