Uma Família Inglesa - Cap. 2: II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo Pág. 17 / 432

Lacónico, nestas coisas, por sistema e por espírito nacional, nunca usava de parábolas para chamar ao aprisco a ovelha tresmalhada.

Um único «Ho!», mas pronunciado com aquela expressão que só a laringe britânica lhe sabe dar, um ho aspirado, gutural, eloquente, inglês enfim, combinado a um abanar de cabeça rápido e desaprovador e a dois ou três particulares estalidos de língua, eram os sinais de impaciência e de desagrado que Mr. Richard manifestava, e dos quais mais se temia Carlos, do que se temeria de qualquer menos concisa fórmula, sob que pudesse revelar-se a censura paternal.

Dia em que aquele fatal «ho!» lhe tivesse soado aos ouvidos, já não se confiava despreocupado a inteiro prazer; passava-lhe uma nuvem no firmamento azul da juventude, límpido como o de poucas.

Prometia então emendar-se; solenemente a si próprio o prometia, mas cedo a promessa era esquecida, até que nova e semelhante ocasião se renovava.

Outro era o sentir de Carlos para com a irmã.

Jenny era o seu anjo bom, e o anjo bom da família toda, a meiga, a benigna fada cujo olhar serenava as tempestades, e desanuviava o Sol.

Com sorrisos decidia, para o bem, os combates de paixões. Débil e delicada era aquela mão, mas quantas vezes Carlos a encontrara interposta entre si e o precipício, para lhe servir de amparo! Delgado e vacilante imaginar-se-ia aquele braço, mas firme o sentia ela sempre ao ter de sustentar o irmão na queda iminente, ou de elevá-lo até si. Branda e suave lhe saía dos lábios a voz, mas só ela se fazia escutar dos ouvidos, quando o tumulto das paixões os ensurdecia.

Não havia segredos entre os dois. De pequeno se acostumara Carlos a vir contar a Jenny quase todas as acções da sua vida, boas ou más que elas fossem.

Referia-lhe,





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