Depois, a proximidade do calor do fogão, as exalações do carvão inglês, a preponderância dos vapores do tabaco e, mais tarde, o punch deprimiam ainda mais os espíritos do comerciante.
Passava a falar de política, citava o Times; nesta noite disse a Carlos que Lorde Palmerston estava resolvido a dissolver o parlamento, no caso de não encontrar apoio na Câmara dos Comuns.
Isto já foi dito em tom soturno. – Carlos era de todo indiferente aos destinos do parlamento inglês.
Depois falou nos principais movimentos e feitos de armas do exército aliado na Crimeia e no provável êxito da campanha; e daqui entrou em considerações sobre o estado do comércio em Londres. Carlos lutava heroicamente para reprimir bocejos de fastio.
Era noite cerrada; a voz de Mr. Richard tinha já umas entoações surdas que, combinadas às pancadas do relógio da sala, produziam em Carlos um efeito soporífero irresistível.
Jenny, quando, pelo silêncio que reinava, sentia que tinham chegado as coisas a este período crítico, voltava outra vez à sala. Era então que o irmão aproveitava a ocasião para sair.
Nesta noite ficou.
Jenny olhou-o admirada.
Carlos respondeu-lhe, encolhendo os ombros, como a exprimir a resolução de ser condescendente aquela vez, ficando.
A irmã agradeceu-lhe com um gesto; mas pensava consigo:
– Bem sei. Ainda não te passou o desgosto pelo mau resultado da tua aventura. Paciência!
Carlos voltara a casa, como dissemos, reconciliado com a vida doméstica e convencido de que estava bem-disposto para saborear os prazeres de um serão inglês.
Resolveu por isso ficar. Mas a suspeita de Jenny era também fundada.
Desalentado pela falta de indicações em relação ao mistério da máscara, na qual a seu pesar pensava ainda, minguava-lhe ânimo para sair, sem esperança de o elucidar.