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Capítulo 15: XV - Vida inglesa

Página 172

Depois, a proximidade do calor do fogão, as exalações do carvão inglês, a preponderância dos vapores do tabaco e, mais tarde, o punch deprimiam ainda mais os espíritos do comerciante.

Passava a falar de política, citava o Times; nesta noite disse a Carlos que Lorde Palmerston estava resolvido a dissolver o parlamento, no caso de não encontrar apoio na Câmara dos Comuns.

Isto já foi dito em tom soturno. – Carlos era de todo indiferente aos destinos do parlamento inglês.

Depois falou nos principais movimentos e feitos de armas do exército aliado na Crimeia e no provável êxito da campanha; e daqui entrou em considerações sobre o estado do comércio em Londres. Carlos lutava heroicamente para reprimir bocejos de fastio.

Era noite cerrada; a voz de Mr. Richard tinha já umas entoações surdas que, combinadas às pancadas do relógio da sala, produziam em Carlos um efeito soporífero irresistível.

Jenny, quando, pelo silêncio que reinava, sentia que tinham chegado as coisas a este período crítico, voltava outra vez à sala. Era então que o irmão aproveitava a ocasião para sair.

Nesta noite ficou.

Jenny olhou-o admirada.

Carlos respondeu-lhe, encolhendo os ombros, como a exprimir a resolução de ser condescendente aquela vez, ficando.

A irmã agradeceu-lhe com um gesto; mas pensava consigo:

– Bem sei. Ainda não te passou o desgosto pelo mau resultado da tua aventura. Paciência!

Carlos voltara a casa, como dissemos, reconciliado com a vida doméstica e convencido de que estava bem-disposto para saborear os prazeres de um serão inglês.

Resolveu por isso ficar. Mas a suspeita de Jenny era também fundada.

Desalentado pela falta de indicações em relação ao mistério da máscara, na qual a seu pesar pensava ainda, minguava-lhe ânimo para sair, sem esperança de o elucidar.

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pág. 172 (Capítulo 15)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 172

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432