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Capítulo 15: XV - Vida inglesa

Página 174
É esta a árvore de família, à sombra da qual já muitas gerações se têm abrigado. – As mãos de minha mãe folhearam esta Bíblia; foi ela mesma que ma legou ao expirar.

Ai, como me estão lembrando aqueles, cujos nomes me vêm de envolta com estas memórias! Tantos que, em torno do lar, costumavam reunir-se após a oração da tarde, a conversar no que dizia este livro, em um tom que me calava no íntimo do seio; há muito que eles estão com os mortos silenciosos; mas sinto-os viver ainda aqui.

Meu pai lia este livro sagrado aos filhos, às filhas, à família toda! Como era sereno o olhar de minha mãe, ao curvar a cabeça para escutar a palavra de Deus! Aquela figura angélica! Ainda a estou a ver! – Que memórias me ocorrem em tropel neste momento! – De novo parece reviver, dentro das paredes deste quarto, aquele pequeno grupo.

Tu, ó Bíblia! és o mais seguro amigo do homem! Eu tenho já experimentado a tua constância! Quando todos me traíam, achei-te fiel; vi em ti um conselheiro, um guia! As minas da terra não possuem tesouro que me compre este livro. Ensinando-me a maneira de viver, ele também me ensina como se deve morrer.»

O assunto da canção inglesa, depois que Jenny a terminou, fez cair naturalmente a conversa sobre diversas passagens da Bíblia; Mr. Richard citou um versículo, outro e outro, até que uma dúvida lhe impediu de prosseguir; daí o pedido feito por ele à filha, para verificar a exacta redacção do texto.

Jenny abriu pois o livro, que em todas as salas se encontrava sempre à mão, e leu.

Carlos gostava de ouvir ler a irmã aquelas singelas e sublimes páginas da Bíblia.

Diz-se muito mal da língua inglesa, e, de facto, ouvindo falar certos filhos da Grã-Bretanha, lembra logo os conhecidos versos:

O mundo a porfiar que os bretões grunhem

E os bretões, etc.

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pág. 174 (Capítulo 15)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 174

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432