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Capítulo 16: XVI - No teatro

Página 184

Enfim ouviu abrir-se, atrás de si, a porta do camarote; voltou-se.

Era Mr. Richard e Jenny que chegavam.

Mr. Richard saudou, com familiaridade, o guarda-livros; Jenny apertou-lhe a mão com afecto.

– Não o esperava agora aqui! – disse Jenny, tirando a capa e reparando as leves desordens da sua toilette.

– O Sr. Whitestone fez-me o favor de me dizer que viesse.

– E Cecília?

– Cecília! – disse Manuel Quintino, encolhendo os ombros – eu já lhe não digo nada. Para quê? Como assim, não se resolve nunca a vir.

Mr. Richard, enquanto a filha se preparava, viera à frente do camarote passar um exame rápido à sala.

– E o Carlinhos? – perguntou Manuel Quintino a Jenny, enquanto se encarregava, com sofrível galanteria, de acomodar a capa, que ela acabava de tirar.

– É provável que esteja cá – respondeu Jenny.

– Aonde? Na plateia?

– Decerto.

– Tendo camarote! É vontade de gastar dinheiro! – pensou para si o económico Manuel Quintino.

Depois de tomarem todos as respectivas posições, Manuel Quintino, ficando junto da cadeira de Jenny, entendeu que não devia estar calado.

– Sempre me lembra – disse ele, portanto – quando venho ao teatro, de ver representar a célebre Josefa Teresa Soares! Aquilo é que era mulherzinha! Que também a Grata Nicolini… não sei se lhe diga… Se quer que lhe fale verdade, menina, agradavam-me mais as peças que se representavam dantes, do que as de hoje. Só os vestuários e as vistas! Agora são salas e casacas, casacas e salas e acabou-se. É o pai que quer que a filha case com um velho rico; é a filha que quer casar com um rapaz pobre, que é poeta; e o rapaz a descompor o velho; a rapariga a morrer… e passe por lá muito bem. Não lhe acho graça nenhuma. Eu queria que vissem: D. José II, visitando

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pág. 184 (Capítulo 16)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 184

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432