Enfim ouviu abrir-se, atrás de si, a porta do camarote; voltou-se.
Era Mr. Richard e Jenny que chegavam.
Mr. Richard saudou, com familiaridade, o guarda-livros; Jenny apertou-lhe a mão com afecto.
– Não o esperava agora aqui! – disse Jenny, tirando a capa e reparando as leves desordens da sua toilette.
– O Sr. Whitestone fez-me o favor de me dizer que viesse.
– E Cecília?
– Cecília! – disse Manuel Quintino, encolhendo os ombros – eu já lhe não digo nada. Para quê? Como assim, não se resolve nunca a vir.
Mr. Richard, enquanto a filha se preparava, viera à frente do camarote passar um exame rápido à sala.
– E o Carlinhos? – perguntou Manuel Quintino a Jenny, enquanto se encarregava, com sofrível galanteria, de acomodar a capa, que ela acabava de tirar.
– É provável que esteja cá – respondeu Jenny.
– Aonde? Na plateia?
– Decerto.
– Tendo camarote! É vontade de gastar dinheiro! – pensou para si o económico Manuel Quintino.
Depois de tomarem todos as respectivas posições, Manuel Quintino, ficando junto da cadeira de Jenny, entendeu que não devia estar calado.
– Sempre me lembra – disse ele, portanto – quando venho ao teatro, de ver representar a célebre Josefa Teresa Soares! Aquilo é que era mulherzinha! Que também a Grata Nicolini… não sei se lhe diga… Se quer que lhe fale verdade, menina, agradavam-me mais as peças que se representavam dantes, do que as de hoje. Só os vestuários e as vistas! Agora são salas e casacas, casacas e salas e acabou-se. É o pai que quer que a filha case com um velho rico; é a filha que quer casar com um rapaz pobre, que é poeta; e o rapaz a descompor o velho; a rapariga a morrer… e passe por lá muito bem. Não lhe acho graça nenhuma. Eu queria que vissem: D. José II, visitando