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Capítulo 16: XVI - No teatro

Página 185
os cárceres – Camila ou os subterrâneos – O Barba-Roxa – Há dezasseis anos ou os incendiários – Os sete infantes de Lara – A Inês de Castro…

E Manuel Quintino dispunha-se a continuar esta revista teatral, quando Jenny o interrompeu, perdendo assim a melhor ocasião de se informar, entre outras coisas, dos merecimentos da célebre Josefa Teresa, de quem inda agora ouvimos falar com saudades os frequentadores reformados, cujos legítimos sucessores são os dilettanti de hoje.

– Carlos tem ido ao escritório? – perguntou Jenny, a meia voz.

– Esteve lá… no outro dia, na terça-feira, por infelicidade minha – respondeu o guarda-livros, lembrando-se dos enganos a que dera ocasião tal visita.

– Porque diz por infelicidade?

Manuel Quintino ia a contar a Jenny a espécie de auxílio que lhe prestara Carlos no escritório; mas, parecendo-lhe ver em Mr. Richard, ainda que aparentemente distraído, certos indícios de estar prestando atenção ao que ele dizia, julgou conveniente mudar de rumo e respondeu:

– É que eu, apesar dos meus cinquenta e cinco anos, não tenho mão em mim que não me distraia, vendo-o; e, com a minha palestra, nem trabalho eu… nem…

Aqui hesitou alguns instantes, porque lhe parecia demasiado lisonjeiro o que ia dizer, mas afinal sempre concluiu:

– Nem… nem… nem o deixo trabalhar a ele.

O próprio Mr. Richard mordeu os lábios, para encobrir um sorriso.

Jenny, a mesma Jenny, não pôde conservar-se inteiramente séria; mas, sorrindo, agradeceu com gesto de bondade as generosas intenções do guarda-livros.

Pareceu-lhe, porém, conveniente desviar a direcção da conversa e por isso lembrou a Manuel Quintino:

– Mas ainda não me disse por que Cecília não veio.

– Eu sei lá? Não vem, porque não quer. Já dantes era uma santa história para a resolver a aproveitar-se de qualquer convite que a menina tinha a bondade de lhe fazer.

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pág. 185 (Capítulo 16)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 185

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432