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Capítulo 16: XVI - No teatro

Página 186
É lá de um génio particular aquela pequena; e desde criança que assim a conheço! Que se lhe há-de fazer? Mas agora sobretudo… A rapariga tem o que quer que é a afligi-la. Isso é que tem. Ela bem faz por disfarçar; mas…

Manuel Quintino tomou neste ponto ares de mistério e prosseguiu em tom mais baixo:

– Eu não sei, mas… acho-a outra, há dias para cá. Não lhe tenho querido dizer nada, porque… porque sei como ela é, e tenho medo de mortificá-la ainda mais, porém…

– Mas então – perguntou Jenny, sinceramente atenta ao que Manuel Quintino lhe dizia – o que é que lhe faz julgar?…

– Acho triste a rapariga. Olhos de pai não se enganam com essa pressa. Os outros nada vêem, mas os meus… A Cecília não era assim; quem a viu dantes! Ela ri e graceja ainda, é verdade; mas há ali certo modo, que eu lhe estranho. A menina, que bem a conhece, há-de ter visto…

– Não; não tenho notado mudança nela.

– Não que também… eu lhe digo… Ora deixe-me ver… Ela não voltou a sua casa desde… desde terça-feira, não? É isso mesmo. De então para cá é que eu mais tenho notado.

Jenny escutava com crescente curiosidade o que Manuel Quintino dizia.

– Aí está que hoje… – continuou ele – depois de eu chegar a casa… mas peço-lhe, por amor de Deus, que lhe não vá dizer estas coisas; ela põe-se por lá depois a cismar…

– Fique descansado – disse Jenny, procurando não perder uma só das palavras que ouvia.

– Pois esta tarde… Eu já notara que ela ao jantar não tinha comido quase nada… e eu, a falar verdade, não gosto de ver aquilo. Naquelas idades é que é o comer, e as coisas não correm bem, quando não há apetite. Pois não lhe parece?

Jenny fez um movimento de afirmação, conquanto eu não dê por assentado que ela tivesse sobre o apetite absolutamente as mesmas ideias que Manuel Quintino.

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pág. 186 (Capítulo 16)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 186

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432