Uma Família Inglesa - Cap. 16: XVI - No teatro Pág. 187 / 432

– E depois? – perguntou ela.

– De tarde – continuou o velho – a pequena, contra o seu costume, meteu-se no quarto, a ponto de me assustar; não tive mão em mim, que a não chamasse. Não me respondeu logo. Lembrou-me se lhe teria dado alguma coisa, e, já sobressaltado, ia a descer as escadas, para ver o que era, quando ela me apareceu, mas… ó menina, ou me engano muito, ou a rapariga tinha chorado; ela vinha a rir, vinha, mas eu…

– Foi decerto ilusão sua; por que havia Cecília de chorar?

– Pois aí está o que me aflige. É o não saber! Às vezes lembra-me… serei eu a causa? Ora é preciso que lhe diga que eu antes queria trabalhar como um negro toda a minha vida, e não ter um triste bocado de pão para comer, do que dar motivo a uma só lágrima dela.

E havia um tremor na voz de Manuel Quintino, ao dizer isto, que comoveu Jenny.

– Sossegue – disse-lhe ela, animando-o. – Decerto não é a causa dessa tristeza que lhe parece notar em Cecília. Que mais pode fazer por ela do que o que faz?

– E tudo merece, menina, e mais! Assim eu pudesse. É um anjo! Não imagina.

– Não imagino, sei; pois não é ela a minha mais querida amiga?

Manuel Quintino não pôde ter-se que não tomasse as mãos de Jenny e as apertasse comovido.

Nisto rompeu a orquestra a sinfonia da ópera; fez-se silêncio na sala.

As ideias de Manuel Quintino seguiram novo curso; esqueceu as confidências, que tinham deixado Jenny pensativa e, prestando ouvidos à música, fixou os olhos no pano, que esperava ver subir imediatamente.

– Pois a história desta peça – dizia ele, enquanto o pano não subia – é bem bonita, mas muito triste. Pelos modos, era um fidalgo… não me lembro agora de onde…

E, depois de pensar um momento, acrescentou:

– De Espanha, acho eu… Era, era de Espanha…

Mr.





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