Era sestro seu.
Carlos achara-se efectivamente envolvido na maior força do tumulto, ainda que com fim louvável, qual era o de pacificar dois amigos, prestes a entrar em combate por causa desta questão teatral. Levantando porém ocasionalmente os olhos para o camarote, percebeu um sinal de súplica e inquietação em Jenny, e por isso, enquanto os olhos de Mr. Richard, guiados traiçoeiramente por Manuel Quintino, o procuravam em outro ponto, cedeu ele o lugar a novos apaziguadores e saiu da plateia.
Manuel Quintino, que lhe seguia os movimentos, respirou então, dizendo:
– Ele aí vem; verá V. S.a que não tarda. E tem razão em vir; não se pode estar lá em baixo com semelhante gente.
Efectivamente Carlos não tardou a entrar. O primeiro olhar foi para a irmã, que soube tranquilizá-lo com outro, e habilitá-lo a compreender o papel que lhe convinha representar diante do pai.
Carlos, entendendo-a, foi severo para com os desordeiros, o que evidentemente agradou a Mr. Richard.
No entretanto, havia-se restabelecido a serenidade na sala; o primeiro acto terminou sem outra novidade mais do que a de ser no fim a prima-dona aplaudida com entusiasmo pelos mesmos que a tinham pateado à entrada.
Mistérios de teatro, os quais nunca pude penetrar.
Mr. Whitestone saiu no intervalo; Carlos ficou.
Manuel Quintino tomou então a palavra para pregar um sermão a Carlos, sobre os perigos das más companhias. Carlos escutou-o, rindo e comentando-lhe as sentenciosas palavras com ditos jocosos, que não permitiam ao velho a manutenção daquela seriedade que reclamava tão substancioso assunto.
Passado tempo, principiou Carlos a analisar diferentes toilettes e tipos femininos, que adornavam os camarotes, crítica em que nem sempre era em demasia benévolo.