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Capítulo 16: XVI - No teatro

Página 193
Estava admirado!

Carlos olhava para Jenny e para Manuel Quintino, como sem saber ainda bem o que pensar daquilo.

– Espero que mo restituirás – disse Jenny. – A mim é que compete entregá-lo a Cecília.

Carlos ia a responder, talvez imprudentemente, quando um gesto da irmã lhe impôs silêncio e acabou de explicar tudo.

Enfim, já não era mistério para ele o nome da desconhecida do baile!

Tirando o lenço das mãos de Manuel Quintino e entregando-o à irmã, disse, com entoação de inteligência, para esta:

– Tens razão, Jenny. És tu a quem compete entregá-lo. Acredita que foi por esquecimento que eu não te falei neste… roubo… O que reputo uma felicidade.

– Porquê? – perguntou Jenny, fazendo-se séria.

– Por… por causa da surpresa que veio agora causar ao nosso amigo Manuel Quintino.

– Não, eu só estranhei…

Jenny mudou o assunto da conversa.

Carlos ficou pensativo. Voltou à plateia, ao principiar o segundo acto. Todos lhe estranharam a distracção e a indiferença com que assistia à discussão, que ainda durava, sobre o facto da pateada.

Nem mais atenções lhe mereceram os cantores e a ópera.

Jenny observava-o do camarote, e não deixou de reconhecer essa indiferença na posição invariável em que ele se conservou durante dois actos e um intervalo inteiro, como alheio a tudo o que em volta de si se passava.

– Que resultará agora de todo aquele meditar? – pensava a irmã.

Ao principiar o último acto, Carlos voltou ao camarote.

Manuel Quintino, não podendo lutar mais tempo contra a força do hábito, adormecera. Mr. Richard estava absorvido em um diálogo, com um seu compatriota, de cabelos e suíças cor de neve, gravata da cor das suíças e tez cor-de-rosa de Alexandria; falavam nos triunfos líricos da célebre Malibran, que ambos tinham, quando rapazes, escutado em Londres; no estilo de canto da fénix dos tenores – o famoso Rubini, o qual haviam admirado em 1831, no Queen’s Theatre; no D.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 193

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432