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Capítulo 17: XVII - Contas de Carlos com a consciência

Página 205

– Pois mandou-o entrar?! Valha-me Deus!

– Então que havia eu de fazer? Se ele procurava a menina… Não, a delicadeza não fica mal a ninguém, sobretudo com pessoas delicadas também. Havia de ver que modos aqueles tão bonitos! Obséquio vai, obséquio vem, senhora para aqui, senhora para ali; não é lá como estes cabouqueiros que às vezes vêm por aí, que julgam que todos foram criados a boroa e caldo verde, como eles. Não, senhora, bem se vê que este é pessoa fina…

– Mas… é impossível. Há engano; não pode ser a mim que ele procura… Você ouviu bem?

– Ouvi, menina, ouvi. Ora que cisma! Graças a Deus não estou tonta de todo. Ia agora deixar entrar assim, sem mais nem menos, um homem pela casa dentro, sem ouvir, sem perguntar… Credo, menina! Melhor conceito faça de mim. Olhem agora! Ora essa não está má! Não, se eu não entendia aquilo, estava bem servida com a minha vida! Por as palavras se entende a gente, e Nosso Senhor nos dê sempre ouvidos para ouvir, olhos para ver e juízo para entender. Amém.

– Está bom, está bom. Já agora não há remédio senão ir ver quem é. E o pai não estar em casa!…

– Ora não temos nenhum ataque de ladrões. Nem que fosse alguma coisa do outro mundo… Se a menina estivesse só, não digo… mas na companhia de uma pessoa de… de representação…

Cecília parecia ainda irresoluta.

Antónia insistiu:

– Então, menina! Olhe que isso até parece mal também. Fazer esperar assim aquele senhor! Afinal não sei de que tem receio. Então se a gente vai a…

– Ora cale-se, mulher, cale-se. Se eu sei o que você tem estado para aí a pregar… – interrompeu-a Cecília, já impaciente. – Que hei-de ir, sei eu. Já que o mal está feito…

– O mal! Ó menina, não me diga isso, por quem é. Então queria que eu…

Cecília, depois de rapidamente se ajeitar ao espelho, voltou as costas à senhora Antónia, e dirigiu-se para a sala onde a criada introduzira a estranha visita, que tanto a estava inquietando.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 205

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432