Uma Família Inglesa - Cap. 17: XVII - Contas de Carlos com a consciência Pág. 206 / 432

Antónia seguiu-a, resmoneando o resto das suas reflexões.

Ao entrar, não vira ninguém. A pessoa que ali esperava, saíra para a varanda de pedra, que deitava sobre o quintal. Voltou, porém, logo que percebeu que as duas haviam entrado na sala, mas, como ficasse com as costas voltadas à luz, não foi logo possível a Cecília reconhecer quem fosse.

Cecília deu alguns passos, com hesitação, dizendo:

– Ao que parece, V. S.a deve ter vindo enganado.

– Não, minha senhora, não vim. É V. Ex.a mesma quem eu procuro.

Cecília parou estupefacta. A voz, que assim lhe respondia, era conhecida; a pessoa não o era menos.

Ela reconheceu Carlos Whitestone.

O sobressalto e a confusão que se apoderaram da filha de Manuel Quintino, nesse momento, são indescritíveis, mas fáceis de conceber por quem tenha escutado, com Jenny, a dupla confidência, de que atrás fizemos menção.

Cecília teve de apoiar-se ao encosto da cadeira próxima, para disfarçar a sua turbação, as faces coraram intensamente e a custo pôde dizer, em voz trémula e sumida:

– Ó Sr. Carlos!… V. S.a aqui!…

– Venho cumprir um dever, minha senhora.

– Queira sentar-se – disse Cecília, quase constrangida ela própria a fazê-lo para não cair.

– Tem dúvida, minha senhora, em me escutar a sós? – perguntou Carlos, designando Antónia, com o olhar.

Cecília, ainda mal senhora sua, fez sinal à criada, que, colocada no limiar da porta, mostrava poucas disposições de abandonar o posto, e por isso fingiu não perceber a ordem, apesar de ter entendido bem as palavras de Carlos.

O génio de Cecília precisava de reagir contra o enleio que a tomara; encontrou auxiliar na impaciência com que repetiu a ordem, acrescentando com certo desabrimento:

– Saia.

Antónia não resistiu. Subiu as





Os capítulos deste livro