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Capítulo 17: XVII - Contas de Carlos com a consciência

Página 206

Antónia seguiu-a, resmoneando o resto das suas reflexões.

Ao entrar, não vira ninguém. A pessoa que ali esperava, saíra para a varanda de pedra, que deitava sobre o quintal. Voltou, porém, logo que percebeu que as duas haviam entrado na sala, mas, como ficasse com as costas voltadas à luz, não foi logo possível a Cecília reconhecer quem fosse.

Cecília deu alguns passos, com hesitação, dizendo:

– Ao que parece, V. S.a deve ter vindo enganado.

– Não, minha senhora, não vim. É V. Ex.a mesma quem eu procuro.

Cecília parou estupefacta. A voz, que assim lhe respondia, era conhecida; a pessoa não o era menos.

Ela reconheceu Carlos Whitestone.

O sobressalto e a confusão que se apoderaram da filha de Manuel Quintino, nesse momento, são indescritíveis, mas fáceis de conceber por quem tenha escutado, com Jenny, a dupla confidência, de que atrás fizemos menção.

Cecília teve de apoiar-se ao encosto da cadeira próxima, para disfarçar a sua turbação, as faces coraram intensamente e a custo pôde dizer, em voz trémula e sumida:

– Ó Sr. Carlos!… V. S.a aqui!…

– Venho cumprir um dever, minha senhora.

– Queira sentar-se – disse Cecília, quase constrangida ela própria a fazê-lo para não cair.

– Tem dúvida, minha senhora, em me escutar a sós? – perguntou Carlos, designando Antónia, com o olhar.

Cecília, ainda mal senhora sua, fez sinal à criada, que, colocada no limiar da porta, mostrava poucas disposições de abandonar o posto, e por isso fingiu não perceber a ordem, apesar de ter entendido bem as palavras de Carlos.

O génio de Cecília precisava de reagir contra o enleio que a tomara; encontrou auxiliar na impaciência com que repetiu a ordem, acrescentando com certo desabrimento:

– Saia.

Antónia não resistiu. Subiu as

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pág. 206 (Capítulo 17)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 206

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432