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Capítulo 18: XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos

Página 215

– Ah! Charles, Charles! Essa tua cabeça!… – disse Jenny a meia voz e com inflexão benignamente repreensiva.

– Então – tornou-lhe Carlos, com modos de ligeiro enfado. – Não fiz bem? Não era esse o meu dever? Eu esperava até que me aplaudisses a acção e tu…

A estas palavras Jenny não pôde reprimir um movimento de impaciência; arredou a costura em que trabalhava, tomou as mãos de Carlos e, fitando nos dele os olhos límpidos e serenos, como céu de Primavera, perguntou-lhe com um meio sorriso:

– Fala-me a verdade, Charles. A verdade só, entendes? Para que procuraste tu Cecília?

– Que pergunta! Pois não te disse já? Não era do meu dever?…

– Não, não era. Melhor seria fingires sempre que ignoravas tudo, do que dares àquela pobre menina motivo para corar na tua presença. Esse acto, que dizes eu devia aplaudir, não partiu do teu coração, que é muito bom e muito generoso, partiu mas foi desta cabeça – e pousava-lhe a mão na fronte; – desta cabeça, que é uma estouvada.

– És injusta desta vez, Jenny.

– Não sou. Quero acreditar que te iludisses a ti próprio; mas, se pensares melhor, verás que tenho razão. Ontem, ao saíres do teatro, estavas triste. Bem o senti. E porque estavas triste? Eram remorsos pela má opinião que tinhas formado de quem te merecia somente respeitos, que não tiveste?

– Eram.

– Não eram, Charles, não eram. Para que procuras tu enganar-me? Não eram. Tu somente lamentas o fim de uma aventura, à qual tinhas imaginado mais longa duração. O carácter da pessoa, de que se tratava, mostrava-te, depois que a conheceste, que eram sem fundamento as tuas esperanças, e tu então…

– Jenny!

– Para que o queres negar? Olha que eu tenho a vaidade, e o orgulho também, de saber ler nos teus pensamentos. Há muito o aprendi e tu mesmo me auxiliaste.

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pág. 215 (Capítulo 18)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 215

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432