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Capítulo 18: XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos

Página 220
Jenny, lembre-se de mim e peça a Deus que me conceda a bondade de coração e a serenidade de espírito da menina, pois, com este meu génio e cabeça, duvido da felicidade da vida. Adeus.

Sua amiga,

Cecília.»

– Ah! Também ela! – murmurou Jenny, ao terminar a leitura; e ficou mais pensativa do que antes, e uma pequena ruga desenhou-se na fronte.

O desalento que parecia descobrir-se através das expressões daquela pequena carta, que em vão Cecília tentara tornar jovial, justificava a ligeira nuvem que viera assombrar a fronte, habitualmente serena, da bondosa Jenny; habituada como estava às alegrias sem motivo, à despreocupação da sua amiga, tantas vezes reveladas em cartas e em conversas anteriores, estranhava com razão estes indícios de tristeza.

Além disso, o que na véspera ouvira a Manuel Quintino sobre as mudanças súbitas da filha, não lhe tinha ainda esquecido.

Era no que pensava, quando Carlos a procurou no quarto; e foi essa a causa principal da apreensão, exagerada talvez, com que soube da visita feita pelo irmão a Cecília, e da antecipação com que previra o futuro desta, tão estreitamente ligado ao procedimento de Carlos.

O estado de Carlos também não satisfazia. A segurança que, diante dele, afectara, ela própria a não sentia. Inquietava-a o acontecido, sem saber bem porquê. A seu pesar, já nenhum outro pensamento a distraía daquele.

Para tranquilizar-se, tratava de convencer-se de que eram infundados os receios. Recordava todas as passageiras inclinações que conhecera no irmão e que tão depressa, e sem consequências más para ninguém, vira desvanecer; esforçava-se em explicar de mil maneiras a inquietação de Cecília, com exclusão daquela que, não obstante, uma voz interior teimava em repetir-lhe.

De pensamento em pensamento, foi levada àquelas disposições de espírito, nas quais se aprazia em contemplar as feições amadas da mãe, a sua conselheira de além-túmulo.

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pág. 220 (Capítulo 18)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 220

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432