Não lhe saiu aquilo da ideia. – Que quer isto dizer? – pensava ele. – Então não estou eu transformado em estudante de quinze anos, que nem frieza de ânimo tem para cumprimentar a prima, por quem julga morrer de amores? Acho-lhe graça!
E, enchendo-se de brios, preparou-se, passados momentos, com mais denodo, para voltar.
Mas, apesar de todas as prevenções, a coragem ia-lhe faltando, à medida que se aproximava do lugar do perigo.
Justamente na ocasião em que o atingia, chegava Manuel Quintino à porta de casa.
Era uma destas coincidências felizes de que, em outra ocasião, Carlos saberia tirar partido.
Desta vez quase sentiu que ela se desse.
Foi obrigado a parar, depois de ter, sem a menor aparência de audácia, cumprimentado de novo Cecília, que estava à janela.
– Então por estes sítios! – disse-lhe Manuel Quintino admirado. – O que o trouxe por aqui hoje?
Carlos balbuciou algumas palavras, que não formularam resposta alguma.
Manuel Quintino sorriu maliciosamente.
– Ora ande lá, ande lá com Deus.
Carlos corou. – Corou!
– Acredite que vim… por acaso – insistiu ele.
– Sim, sim; pois eu bem sei – continuava Manuel Quintino no mesmo tom.
Carlos estava sobre brasas.
– Sério…
– Sério, sim, sério… pois é lá homem que fale de outra forma?… Ora vá com Nossa Senhora, vá… eh! eh! eh!…
Carlos não teve arte de demorar a conversa, durante a qual não aventurou um só olhar para Cecília e nem ânimo lhe assistiu para aceitar o oferecimento que lhe fez Manuel Quintino de subir e descansar algum tempo.
Partiu, cada vez mais desgostoso consigo, parecendo ter sido o seu principal empenho ocultar, e não revelar, a Cecília o que principiava a sentir por ela.
E agora uma pergunta: não compreenderia Cecília? Parece racional