Uma Família Inglesa - Cap. 19: XIX - Agravam-se os sintomas Pág. 227 / 432

dizer que não; mas quem pode lá adivinhar como o coração da mulher adquire certa ordem de conhecimentos, sobretudo se…

Mas ponhamos de parte ses menos discretos; que os sentimentos de Cecília não são para se devassarem assim de passagem.

O resto do dia Carlos passou-o, no quarto, a ler.

Há alguma coisa também de particular na maneira de ler, quando se está em tais disposições de espírito.

Preferem-se os romances; mas não é pelo lado literário, que mais se apreciam; porém exactamente como os apreciam as crianças e a maioria das mulheres – pelas peripécias do enredo; – e permita-se-me dizer que imagino ser esta a classe dos leitores que mais deve lisonjear o romancista.

Seguem-se então com ardor as fases sucessivas de uma paixão descrita ali; deixa-se tomar o coração de amor pela heroína; assume-se o carácter do herói; e não se perdoa ao autor quando termina por alguma catástrofe a história que escreve.

Isto aconteceu com Carlos. Sintoma terrível! Leu em uma espécie de embriaguez um romance inteiro de Walter Scott, e muito tempo depois ficou a pensar no que lera; não tanto nas belezas que, em todos os géneros, abundam nas ainda menos afamadas obras do grande romancista, como na felicidade dos noivos; porque, nos últimos capítulos dos seus romances, raras vezes Walter Scott deixa de os unir sacramentalmente.

À noite voltou Carlos a passar por casa de Cecília. Havia luz na sala da frente, luz que só se percebia por uma entreaberta das portas interiores. Eram as horas do serão e do chá de José Fortunato.

Carlos saboreou um prazer indefinível em observar aquela luz. Vão vendo os leitores experientes se não é de inspirar receios o estado de Carlos.

Em casa evitava Jenny; receava dela; Jenny, pela sua parte, julgava prudente não provocar novas conferências sobre o assunto.





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