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Capítulo 19: XIX - Agravam-se os sintomas

Página 227
dizer que não; mas quem pode lá adivinhar como o coração da mulher adquire certa ordem de conhecimentos, sobretudo se…

Mas ponhamos de parte ses menos discretos; que os sentimentos de Cecília não são para se devassarem assim de passagem.

O resto do dia Carlos passou-o, no quarto, a ler.

Há alguma coisa também de particular na maneira de ler, quando se está em tais disposições de espírito.

Preferem-se os romances; mas não é pelo lado literário, que mais se apreciam; porém exactamente como os apreciam as crianças e a maioria das mulheres – pelas peripécias do enredo; – e permita-se-me dizer que imagino ser esta a classe dos leitores que mais deve lisonjear o romancista.

Seguem-se então com ardor as fases sucessivas de uma paixão descrita ali; deixa-se tomar o coração de amor pela heroína; assume-se o carácter do herói; e não se perdoa ao autor quando termina por alguma catástrofe a história que escreve.

Isto aconteceu com Carlos. Sintoma terrível! Leu em uma espécie de embriaguez um romance inteiro de Walter Scott, e muito tempo depois ficou a pensar no que lera; não tanto nas belezas que, em todos os géneros, abundam nas ainda menos afamadas obras do grande romancista, como na felicidade dos noivos; porque, nos últimos capítulos dos seus romances, raras vezes Walter Scott deixa de os unir sacramentalmente.

À noite voltou Carlos a passar por casa de Cecília. Havia luz na sala da frente, luz que só se percebia por uma entreaberta das portas interiores. Eram as horas do serão e do chá de José Fortunato.

Carlos saboreou um prazer indefinível em observar aquela luz. Vão vendo os leitores experientes se não é de inspirar receios o estado de Carlos.

Em casa evitava Jenny; receava dela; Jenny, pela sua parte, julgava prudente não provocar novas conferências sobre o assunto.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 227

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432