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Capítulo 19: XIX - Agravam-se os sintomas

Página 228

Se ela soubesse que já não era com estes meios brandos que havia de vencer!

No primeiro domingo, depois destas cenas, Carlos que, com toda a diplomacia, soubera de Manuel Quintino ser a Cedofeita que ele e a filha costumavam ir à missa, rompeu com os deveres de protestante e aproximou-se da porta daquele vetusto templo católico, às horas a que sabia dever terminar ali o ofício divino.

Passeava na alameda lateral com toda a resolução de se fazer desta vez notado.

Mas, ao sair a primeira gente da igreja, apoderou-se dele a costumada timidez e, já com receio de ser percebido, foi encostar-se ao portão de ferro do cemitério contíguo, por não ter tempo de ir mais longe.

Serviu-o mal a inspiração; – mal e bem ao mesmo tempo; porque, ainda naquele momento, havia no espírito de Carlos o mesmo antagonismo de aspirações, que era, havia dias, o seu estado habitual.

Coincidia com o receio de ser visto a vontade de ser descoberto. Não pode haver lógica na expressão, quando falta o objecto que se exprime.

É certo, porém, que Manuel Quintino, saindo da igreja com a filha, encaminhou-se para o cemitério.

Naquele cemitério repousava a mãe de Cecília, e raro era o domingo em que Manuel Quintino, depois da missa, não ia orar ali, junto da sepultura da esposa.

Quando Carlos percebeu a direcção que eles seguiam, era tarde para retirar-se. Manuel Quintino já o tinha visto; Cecília também.

O pai sorriu-lhe com familiaridade; Cecília corou, ao corresponder ao acanhado cumprimento de Carlos.

– Então veio orar pelos mortos? – disse Manuel Quintino, com malícia.

Carlos encetou vagas explicações da sua presença ali.

– Pois se veio orar pelos mortos, achou companhia – continuou o velho –; que eu, infelizmente, tenho aqui por quem o faça.

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pág. 228 (Capítulo 19)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 228

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432