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Capítulo 19: XIX - Agravam-se os sintomas

Página 232
Ao dobrar a esquina que lhe devia roubar à vista o pai e a filha, ousou voltar-se, para olhar ainda.

Manuel Quintino desaparecia já no portal; Cecília, que ficara um pouco atrás, voltara-se… ocasionalmente – julgo eu que ocasionalmente – de maneira que os seus olhares trocaram-se com os de Carlos.

Este facto, bem simples, foi durante todo o dia alimento para a imaginação do rapaz.

Não há imaginações que de menos se sustentem do que a dos namorados. Dê-se-lhe um facto insignificante, um sorriso, uma palavra, um olhar, e ela saberá extrair de tão pouco infinitas riquezas de alimentação… espiritual. Daí em diante, o acaso… – não sei que fosse outra coisa – fazia com que, todas as tardes, Cecília estivesse à janela, quando Carlos passava a cavalo, em direcção aos arrabaldes; e de noite, quando o senhor Fortunato principiava a notar que ia já tardando o chá, havia sempre um momento em que Cecília resolvia ir ver como estava o tempo, ficando alguns minutos por dentro dos vidros a contemplar o céu.

Ora queria ainda o acaso… – continuando a supor que era ele o motor de tudo isso – que fosse exactamente nessa ocasião que voltasse Carlos dos arrabaldes, para onde de tarde passara. Não lhe era possível desconhecer o perfil de Cecília, assim aparente no fundo iluminado da janela; por isso naturalmente a cortejava, e, como a luz de um lampião se reflectia naquele momento sobre o cavaleiro, também Cecília não podia deixar de reconhecê-lo, e por isso naturalmente lhe correspondia ao cumprimento.

Sucessos desta importância preencheram muitos dias mais. Não terminaria este capítulo, se fosse a registá-los todos. Amplie-o a memória dos leitores. Pode fazê-lo, porque este capítulo é comum aos romances de toda a gente.

No entretanto, estranhava Jenny cada vez mais o irmão, e Manuel Quintino, de seu lado, cada vez mais se preocupava com as mudanças no génio de Cecília.

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pág. 232 (Capítulo 19)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 232

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432