Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 21: XXI - O que vale uma resolução

Página 250

E tremia de ouvir a resposta. Disseram-lhe que era de uma saibreira que desabara na véspera sobre uns trabalhadores. Respirou!

De outra vez, era um homem que viera a correr desde o princípio da rua e parara defronte da casa, irresoluto, como quem procurava reconhecer uma de entre aquelas diversas moradas. Cecília queria perguntar-lhe quem ele procurava, mas quase não tinha voz para o fazer, tal era o intenso terror que se apossou dela, ao ver este homem.

Parecia-lhe impossível que não fosse algum mensageiro de desgraças.

Afinal conseguiu falar-lhe. O homem procurava um vizinho.

Cecília guiou-o, ainda mal restabelecida do susto que sentira.

Tendo voltado à sala, ouviu tocar a campainha do portal.

Estremeceu alvoroçada de esperanças e de temores.

– Será ele?

Neste tempo já Antónia vinha no corredor e com fleuma inalterável atalhou:

– É o Sr. José Fortunato; são as horas.

Cecília voltou as costas despeitada e triste. Sentiu no coração uma quase má vontade contra o nocturno visitador.

Era de facto o Sr. José Fortunato que chegava.

– Muito boa-noite, menina; passou bem? – disse José Fortunato, ao entrar para a sala.

– Muito aflita, Sr. José Fortunato, muito aflita, não faz ideia! – respondeu Cecília.

– Sim?! – tornou o outro, pousando os vários artigos do seu complicado vestuário, guarda-chuva, capote, cachenez, luvas, chapéu, a caixa do tabaco, e tomando assento no lugar do costume.

– Pois não quer saber? – continuou Cecília – meu pai saiu esta tarde, a dar um passeio, e são as horas que vê, e não voltou ainda a casa!

– Na verdade, é… é célebre! Suceder-lhe-ia alguma coisa?

Pergunta suficientemente tola.

José Fortunato rivalizava com Antónia, na maneira de intervir na presente crise; as suas palavras, longe de serem tranquilizadoras, tinham por efeito exacerbar a inquietação e o susto.

<< Página Anterior

pág. 250 (Capítulo 21)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 250

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432