Uma Família Inglesa - Cap. 21: XXI - O que vale uma resolução Pág. 252 / 432

Hoje, ao domingo! Estou a dizer-lhe que foi passear.

– Sossegue, menina. Eu espero também que não tenha sucedido nenhuma desgraça. Isto era um modo de falar. Deus é bom e sabe a falta que o Sr. Manuel Quintino cá fazia ainda. Nem quero que me lembre semelhante desgraça! Credo! Santíssima Trindade! Ainda se ele fosse homem que tivesse regulado os seus negócios; mas parece-me que não fez ainda disposições. Eu bem sei que tudo quanto ele tem é da menina, mas, ainda assim, havia aí uns dinheiros malparados… e… e… sempre é bom olhar por essas coisas…

Cecília não pôde reter o pranto, que lhe acudiu aos olhos a estas lúgubres considerações do seu interlocutor.

– Então não se aflija – dizia este, no mesmo tom de voz. – Que fazemos nós em nos estarmos a afligir? Não fazemos nada; por isso… E demais, se fosse vontade de Deus que alguma desgraça acontecesse, a menina não ficaria desamparada; tem amigos e protectores… Perdia um bom pai, isso perdia, mas…

– Ó Sr. José Fortunato, pelas almas, não me fale assim! Isso é crueldade.

– Eu não digo isto para a afligir. Sossegue. Mas nestas coisas é bom supor o pior.

E, ainda que nas melhores intenções, continuou o Sr. José Fortunato neste homeopático sistema de conforto.

A agitação de Cecília aumentava.

– Antónia! – bradou ela, vendo passar a criada no corredor. – Tenha paciência; eu não posso sossegar. Esta incerteza mata-me. Vá, vá você ao escritório, vá por aí, vá saber… vá procurar… O Sr. José Fortunato está agora aqui e… Vá, vá.

– Ó menina! Não vê que é noite fechada?! Uma mulher só por essa cidade abaixo, feita uma Maria tola!

– Ó criatura, então que tem?

– Ora essa? Então que tem?!

– Não é bonito, não – concordou José Fortunato, tomando posição mais cómoda.

Cecília não lhe deu resposta, correu de novo à janela.





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