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Capítulo 21: XXI - O que vale uma resolução

Página 253

A rua estava deserta.

– Olhe se lhe faz mal esse ar – dizia José Fortunato. – A menina parece que está já um pouco tomada da garganta. É preciso cautela; estas constipações desprezadas… Seria bom beber alguma bebida quente.

– Ah! Sr. José Fortunato, Sr. José Fortunato! Aí anda já um pouco de egoísmo; a hora do chá vai passando. Ó barro humano!

– Não sei bem o que tem mão em mim, que não vou eu mesma! – exclamou Cecília ao voltar da janela. – E se isto continua assim, não respondo por o que farei. Oh! Não ser eu rapaz!

José Fortunato não compreendeu qual era o seu dever nesta ocasião. Foi defeito de percepção e não de vontade.

A inteligência era-lhe ronceira e as boas lembranças acudiam-lhe, mas tarde; quando já não era tempo de realizá-las. Foi por isso que só teve a dizer:

– Pois olhem o milagre! Se a menina fosse rapaz!… Mas desengane-se, Sr.a D. Cecília, se tiver sucedido alguma desgraça ao pai, mais minuto, menos minuto, ela há-de saber-se.

– Agradecida, pela consolação! – não pôde deixar de dizer Cecília, com manifesto mau humor.

– De uma vez tinha eu ido a um magusto, aí para os lados da Cruz da Regateira, e ao voltar…

Lá parecia ao Sr. José Fortunato aquela ocasião apropriadíssima para contar um caso.

Antónia dispunha-se para ouvi-lo.

Cecília fez um movimento de impaciência e voltou para a janela.

No momento em que chegou ali, avizinhava-se, vindo da extremidade da rua oposta àquela donde ela esperava o pai, um homem a cavalo.

Era Carlos; voltava do costumado passeio extra-urbano.

Cecília reconheceu-o, e acudiu-lhe uma lembrança.

Enquanto o cavaleiro vencia a distância que o separava ainda de casa, Cecília voltou-se para dentro, dizendo:

– Então não querem ir saber de meu pai, não?

O emprego do verbo no plural foi um empuxão dado à perra inteligência do Sr.

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pág. 253 (Capítulo 21)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 253

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432