– Que foi fazer, menina?! – disseram eles, quase ao mesmo tempo.
– Aquilo a que me obrigaram. Se pudesse, ia eu. Há muito que não estaria aqui já, cansando inutilmente o espírito a procurar explicações e só a encontrá-las assustadoras; se tivesse mais alguém a quem recorrer, não iria incomodar uma pessoa a quem…
– Mas, nesse caso, por que me não disse? Então não estava eu aqui? – perguntou José Fortunato, com a maior candura deste mundo.
Cecília fitou-o com olhar de raiva e nem lhe pôde responder.
– A falar a verdade – disse Antónia – não sei o que parece! Pois a menina vai assim, sem mais nem menos, falar da janela para baixo, com aquele senhor?…
– Se a vizinhança por aí visse… – acrescentava o outro, espreitando para verificar se a sobredita vizinhança teria de facto visto. – E então quem? Um cabeça no ar… o filho…
– Basta! – exclamou Cecília, não podendo já reprimir-se mais tempo. – Era escusado isto, era, se outras pessoas tivessem tido já a lembrança e a caridade de o fazer. Há uma hora que me vêem nesta aflição e só sabem dar-me consolações que fariam rir a quem não tivesse no coração esta agonia que eu tenho.
Agora então vêm com os reparos da vizinhança; a vizinhança não me tira uma só das canseiras com que estou, para que eu me deva importar com ela.
José Fortunato estava deveras condoído por se não ter lembrado a tempo dos seus deveres. Era sestro do homem.
– Ó Sr.a Antónia, faz favor de me vir alumiar – dizia ele, procurando já munir-se dos seus numerosos petrechos de campanha.
– Onde vai? Onde é que vai? – perguntou Cecília. – Já agora o que está feito, está feito.
Quando o Sr. Fortunato fosse ao fim da rua, já o Sr. Whitestone teria corrido a cidade toda. É melhor ficar.
José Fortunato ficou.