Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 21: XXI - O que vale uma resolução

Página 255

– Que foi fazer, menina?! – disseram eles, quase ao mesmo tempo.

– Aquilo a que me obrigaram. Se pudesse, ia eu. Há muito que não estaria aqui já, cansando inutilmente o espírito a procurar explicações e só a encontrá-las assustadoras; se tivesse mais alguém a quem recorrer, não iria incomodar uma pessoa a quem…

– Mas, nesse caso, por que me não disse? Então não estava eu aqui? – perguntou José Fortunato, com a maior candura deste mundo.

Cecília fitou-o com olhar de raiva e nem lhe pôde responder.

– A falar a verdade – disse Antónia – não sei o que parece! Pois a menina vai assim, sem mais nem menos, falar da janela para baixo, com aquele senhor?…

– Se a vizinhança por aí visse… – acrescentava o outro, espreitando para verificar se a sobredita vizinhança teria de facto visto. – E então quem? Um cabeça no ar… o filho…

– Basta! – exclamou Cecília, não podendo já reprimir-se mais tempo. – Era escusado isto, era, se outras pessoas tivessem tido já a lembrança e a caridade de o fazer. Há uma hora que me vêem nesta aflição e só sabem dar-me consolações que fariam rir a quem não tivesse no coração esta agonia que eu tenho.

Agora então vêm com os reparos da vizinhança; a vizinhança não me tira uma só das canseiras com que estou, para que eu me deva importar com ela.

José Fortunato estava deveras condoído por se não ter lembrado a tempo dos seus deveres. Era sestro do homem.

– Ó Sr.a Antónia, faz favor de me vir alumiar – dizia ele, procurando já munir-se dos seus numerosos petrechos de campanha.

– Onde vai? Onde é que vai? – perguntou Cecília. – Já agora o que está feito, está feito.

Quando o Sr. Fortunato fosse ao fim da rua, já o Sr. Whitestone teria corrido a cidade toda. É melhor ficar.

José Fortunato ficou.

<< Página Anterior

pág. 255 (Capítulo 21)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 255

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432