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Capítulo 21: XXI - O que vale uma resolução

Página 256

Também era qualidade sua esta pouca tenacidade com que pugnava pelas resoluções tomadas.

No entretanto Carlos voava por toda a cidade que, em pouco tempo, atravessou de norte a sul.

Por milagre não atropelou ninguém. Muitos dos que escaparam àquela carreira impetuosa, àquela velocidade, comparável à do aerólito, ficavam a murmurar frases, mais ou menos impacientes, contra o imprudente cavaleiro.

Chegou, no fim de alguns minutos, ao escritório da Rua dos Ingleses.

O silêncio daquele lugar, a essas horas, formava perfeito contraste com a animação que ali reinava nas manhãs dos dias de semana.

Carlos fez estremecer a casa com as rijas pancadas que descarregou na porta.

Alguns vizinhos chegaram à janela.

O criado do escritório correu a receber as ordens do seu patrão mais novo.

Carlos, mesmo a cavalo, perguntou-lhe se tinha visto Manuel Quintino naquela tarde.

Disse-lhe o criado que o vira atravessar o mercado do peixe, em direcção a Campanhã; que, sendo esse o seu passeio predilecto, era provável que…

Carlos não ouviu o resto, partiu a galope outra vez, na direcção indicada.

– Sume-te! – disse o criado consigo. – Parece que leva o diabo no corpo!

Com igual rapidez seguiu Carlos toda a margem direita do rio, horas antes trilhada por Manuel Quintino. Era preciso ser excelente cavaleiro, para se não esbarrar por um caminho daqueles, a tais horas da noite e com tal impetuosidade de carreira.

Carlos dirigiu-se ao armazém de vinhos que a casa Whitestone possuía em Campanhã. Nas vizinhanças morava o mestre tanoeiro, que acudiu a saber quem era e o que pretendia o nocturno cavaleiro, que ameaçava rebentar as dobradiças das grossas portas de castanho do armazém.

Vendo Carlos, ficou espantado. Carlos perguntou-lhe por Manuel Quintino.

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pág. 256 (Capítulo 21)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 256

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432