Uma Família Inglesa - Cap. 21: XXI - O que vale uma resolução Pág. 256 / 432

Também era qualidade sua esta pouca tenacidade com que pugnava pelas resoluções tomadas.

No entretanto Carlos voava por toda a cidade que, em pouco tempo, atravessou de norte a sul.

Por milagre não atropelou ninguém. Muitos dos que escaparam àquela carreira impetuosa, àquela velocidade, comparável à do aerólito, ficavam a murmurar frases, mais ou menos impacientes, contra o imprudente cavaleiro.

Chegou, no fim de alguns minutos, ao escritório da Rua dos Ingleses.

O silêncio daquele lugar, a essas horas, formava perfeito contraste com a animação que ali reinava nas manhãs dos dias de semana.

Carlos fez estremecer a casa com as rijas pancadas que descarregou na porta.

Alguns vizinhos chegaram à janela.

O criado do escritório correu a receber as ordens do seu patrão mais novo.

Carlos, mesmo a cavalo, perguntou-lhe se tinha visto Manuel Quintino naquela tarde.

Disse-lhe o criado que o vira atravessar o mercado do peixe, em direcção a Campanhã; que, sendo esse o seu passeio predilecto, era provável que…

Carlos não ouviu o resto, partiu a galope outra vez, na direcção indicada.

– Sume-te! – disse o criado consigo. – Parece que leva o diabo no corpo!

Com igual rapidez seguiu Carlos toda a margem direita do rio, horas antes trilhada por Manuel Quintino. Era preciso ser excelente cavaleiro, para se não esbarrar por um caminho daqueles, a tais horas da noite e com tal impetuosidade de carreira.

Carlos dirigiu-se ao armazém de vinhos que a casa Whitestone possuía em Campanhã. Nas vizinhanças morava o mestre tanoeiro, que acudiu a saber quem era e o que pretendia o nocturno cavaleiro, que ameaçava rebentar as dobradiças das grossas portas de castanho do armazém.

Vendo Carlos, ficou espantado. Carlos perguntou-lhe por Manuel Quintino.





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