O homem respondeu que, ao cerrar da tarde, o vira subir a estrada do Padrão, e que devia ter já voltado a casa havia muito tempo.
Carlos prosseguiu a sua corrida, deixando tão estupefacto este, como deixara o criado do escritório.
Na estrada passou por um grupo de sujeitos, que regressavam, cantando, do «bom retiro» campestre, onde, à mesa e à sombra da ramada, haviam passado a tarde inteira.
Carlos conheceu-os. Eram alguns dos mais folgazões membros da classe comercial, pela maior parte conhecidos de Manuel Quintino.
Ia a passar-lhes adiante, quando se lembrou de informar-se com eles também a respeito do velho.
Responderam-lhe rindo e contaram-lhe da mistificação que o leitor sabe já, porque eram estes os mesmos que nós já encontrámos. Os homens riam ainda, ao lembrarem-se da pressa com que Manuel Quintino galgara a costeira de Campanhã.
– Que estúpida graça! – disse Carlos, preparando-se para seguir o caminho.
– Ora essa! – respondeu um do bando. – Até será uma alegria para o velho, quando chegar a casa e vir que…
– Se não tiver morrido antes pelo caminho – atalhou Carlos; – e, picando o cavalo, partiu a galope.
– O homem vai doido – disse um.
– Esbarra-se! – acrescentou outro.
– É um inglês a menos. Que o leve o diabo.
E continuaram a cantar e a rir.
Carlos chegou em um momento à capela do Padrão.
Daí seguiu, a trote mais moderado, pela estrada, informando-se aqui e além a respeito de Manuel Quintino. Poucos indícios colheu, até que por acaso interrogou a mulher, à ombreira de cuja porta o velho guarda-livros se encostara.
Esta deu-lhe assustadoras informações do estado em que o viu, e agourou mal do destino do homem.
Verdadeiramente inquieto, prosseguiu Carlos nas suas pesquisas, até chegar à alameda do Repouso.