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Capítulo 21: XXI - O que vale uma resolução

Página 257

O homem respondeu que, ao cerrar da tarde, o vira subir a estrada do Padrão, e que devia ter já voltado a casa havia muito tempo.

Carlos prosseguiu a sua corrida, deixando tão estupefacto este, como deixara o criado do escritório.

Na estrada passou por um grupo de sujeitos, que regressavam, cantando, do «bom retiro» campestre, onde, à mesa e à sombra da ramada, haviam passado a tarde inteira.

Carlos conheceu-os. Eram alguns dos mais folgazões membros da classe comercial, pela maior parte conhecidos de Manuel Quintino.

Ia a passar-lhes adiante, quando se lembrou de informar-se com eles também a respeito do velho.

Responderam-lhe rindo e contaram-lhe da mistificação que o leitor sabe já, porque eram estes os mesmos que nós já encontrámos. Os homens riam ainda, ao lembrarem-se da pressa com que Manuel Quintino galgara a costeira de Campanhã.

– Que estúpida graça! – disse Carlos, preparando-se para seguir o caminho.

– Ora essa! – respondeu um do bando. – Até será uma alegria para o velho, quando chegar a casa e vir que…

– Se não tiver morrido antes pelo caminho – atalhou Carlos; – e, picando o cavalo, partiu a galope.

– O homem vai doido – disse um.

– Esbarra-se! – acrescentou outro.

– É um inglês a menos. Que o leve o diabo.

E continuaram a cantar e a rir.

Carlos chegou em um momento à capela do Padrão.

Daí seguiu, a trote mais moderado, pela estrada, informando-se aqui e além a respeito de Manuel Quintino. Poucos indícios colheu, até que por acaso interrogou a mulher, à ombreira de cuja porta o velho guarda-livros se encostara.

Esta deu-lhe assustadoras informações do estado em que o viu, e agourou mal do destino do homem.

Verdadeiramente inquieto, prosseguiu Carlos nas suas pesquisas, até chegar à alameda do Repouso.

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pág. 257 (Capítulo 21)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 257

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432