O embaraço de Carlos aumentava.
Pensava já em o levar na garupa, quando passou na estrada uma sege de aluguer, que voltava para a cidade. O boleeiro deixava ir os cavalos a passo e assobiava; uma espécie de jóquei dormia ao lado dele; Carlos conheceu o boleeiro.
– Ó Gonçalo.
– Quem me chama?
– Vai vazio o carro?
O boleeiro reconheceu Carlos.
– Ah! É V. S.a? Vai vazio, vai, sim senhor, meu patrão.
– Então ajuda-me a transportar para lá este sujeito, que está doente, e leva-nos a toda a brida para a rua de…
O boleeiro correu a prestar o auxílio pedido.
– E tu – acrescentou Carlos, para o improvisado jóquei – monta nesse cavalo e leva-mo a casa. Avia-te!
Carlos era obedecido, como um dos fregueses de mais pronto e generoso pagamento que havia na cidade.
– E olha – disse ele ainda para o jóquei – de passagem vai ainda a casa do doutor F. e pede-lhe que venha sem demora ver o Sr. Manuel Quintino, a sua casa. Diz-lhe que vais do meu mando. Anda.
O rapaz partiu como um foguete.
Carlos e o boleeiro ajudaram Manuel Quintino a entrar na sege; dentro em pouco, faiscavam as pedras das calçadas sob as patas dos cavalos, fustigados com toda a alma por o boleeiro, cujo ardor o estímulo de uma gorjeta excepcional instigava.
Carlos tinha cumprido a promessa feita a Cecília.
Foi com um grito de júbilo que Cecília, cujos terrores haviam recrudescido com a demora, viu parar a carruagem à porta de casa e sair dela o pai, amparado cuidadosamente pelo braço de Carlos Whitestone.
Os primeiros momentos absorveram-nos inteiramente as expansões de alegria.
Correu ao portal e aí recebeu nos braços o pai, chorando comovida. Desentranhava-se aquele piedoso sobressalto em frases soltas, sem nexo, em exclamações, em perguntas, em beijos, em lágrimas e em sorrisos.