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Capítulo 21: XXI - O que vale uma resolução

Página 259

O embaraço de Carlos aumentava.

Pensava já em o levar na garupa, quando passou na estrada uma sege de aluguer, que voltava para a cidade. O boleeiro deixava ir os cavalos a passo e assobiava; uma espécie de jóquei dormia ao lado dele; Carlos conheceu o boleeiro.

– Ó Gonçalo.

– Quem me chama?

– Vai vazio o carro?

O boleeiro reconheceu Carlos.

– Ah! É V. S.a? Vai vazio, vai, sim senhor, meu patrão.

– Então ajuda-me a transportar para lá este sujeito, que está doente, e leva-nos a toda a brida para a rua de…

O boleeiro correu a prestar o auxílio pedido.

– E tu – acrescentou Carlos, para o improvisado jóquei – monta nesse cavalo e leva-mo a casa. Avia-te!

Carlos era obedecido, como um dos fregueses de mais pronto e generoso pagamento que havia na cidade.

– E olha – disse ele ainda para o jóquei – de passagem vai ainda a casa do doutor F. e pede-lhe que venha sem demora ver o Sr. Manuel Quintino, a sua casa. Diz-lhe que vais do meu mando. Anda.

O rapaz partiu como um foguete.

Carlos e o boleeiro ajudaram Manuel Quintino a entrar na sege; dentro em pouco, faiscavam as pedras das calçadas sob as patas dos cavalos, fustigados com toda a alma por o boleeiro, cujo ardor o estímulo de uma gorjeta excepcional instigava.

Carlos tinha cumprido a promessa feita a Cecília.

Foi com um grito de júbilo que Cecília, cujos terrores haviam recrudescido com a demora, viu parar a carruagem à porta de casa e sair dela o pai, amparado cuidadosamente pelo braço de Carlos Whitestone.

Os primeiros momentos absorveram-nos inteiramente as expansões de alegria.

Correu ao portal e aí recebeu nos braços o pai, chorando comovida. Desentranhava-se aquele piedoso sobressalto em frases soltas, sem nexo, em exclamações, em perguntas, em beijos, em lágrimas e em sorrisos.

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pág. 259 (Capítulo 21)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 259

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432