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Capítulo 22: XXII - Educação comercial

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– Não é tal. E senão vejamos: A escrituração pode fazer-se por partidas chamadas simples e dobradas; não é verdade?

– É, sim, senhor.

– E diferem elas…

– Eu lhe digo – atalhou Manuel Quintino. – Suponha o senhor que ali o Sr. Fortunato compra dez pipas de vinho à casa. Percebe?

– Que havia eu de fazer a tanto vinho? – resmoneou o Sr. José Fortunato, para dizer alguma coisa.

– As quais pipas importam – continuou Manuel Quintino – em dois contos de réis. Percebe?… O senhor escreve no Diário, em letras grandes – sempre em letras grandes – percebe? José Fortunato deve, por dez pipas de vinho a 200$000 réis – dois contos de réis. Percebe?

– Sim; isso já eu sei… mas…

– Espere lá. Oh, homem! Já sabe, já sabe! O senhor sabe tudo! Então, se já sabe!… Este é o método de partidas simples.

– Perdão. Entendo que o método de partidas simples não se resume a tão pouco, pois que…

– Se é assim, pouco mais difícil é do que aquele pelo qual faço a escrituração da nossa casa – disse Cecília, rindo, e enquanto ajeitava a dobra do lençol, que Manuel Quintino desordenara.

– E creia, minha senhora – acudiu logo Carlos, no mesmo tom – que, afinal de contas, muitos dos nossos caixeiros deviam tomar por modelo a simplicidade dos métodos de V. Ex.a, pois valem mais do que as baralhadas e misteriosas escriturações de certos livros, nos quais a melhor vista não consegue penetrar. Parece-me.

– Pois parece-lhe uma tolice – disse Manuel Quintino, a quem impacientavam estes levianos juízos críticos sobre uma arte, para ele tão transcendente como perfeita.

José Fortunato bocejava.

– Mas vamos cá – prosseguiu Manuel Quintino. – Quer ver agora como fazia aquele lançamento por partidas dobradas? Se o Sr. José Fortunato, comprando o vinho,

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pág. 271 (Capítulo 22)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 271

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432