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Capítulo 25: XXV - Tempestade doméstica

Página 294
Parecia resolvido a guardar silêncio, em relação àquelas perguntas; nem era de ânimo tão dócil, que ouvisse, sem se irritar também, estas severas recriminações, feitas antes de julgamento minucioso.

O seu orgulho revoltou-se.

– Não posso explicar nada disso, mas dou-lhe a minha palavra que…

Mr. Richard atalhou-o:

– Nem eu quero também averiguar dos actos da sua vida. Têm-me chegado aos ouvidos rumores de muita extravagância sua, de que não tenho feito caso. Mas quero, mas exijo… E ainda tenho força bastante para o conseguir, pode crê-lo… Quero e exijo que se respeite o meu nome e… e a minha casa. Fique entendendo…

– Mas eu já lhe dei a minha palavra de honra de que todos os meus actos desta manhã não podiam desonrar nem o seu nome, que é o meu também, nem esta casa, que eu respeito como…

– A sua palavra de honra! Não basta. Bem vê que tenho motivos para duvidar dela… e por isso…

– Nesse caso, como não tenho outra garantia a oferecer, calo-me. Depois de uma resposta como essa, quando é de um pai que a recebemos, não nos resta outro partido, além do silêncio – disse Carlos, com decidida resolução de não continuar este diálogo, receando com razão que a impetuosidade do génio o levasse a esquecer a qualidade da pessoa que altercava com ele.

Mr. Richard calou-se também e deu em passear no quarto. Depois disse, ainda com severidade, mas em tom menos elevado:

– Parece-me que concordará comigo em que me assiste o direito de pugnar pelo decoro da minha casa?

Carlos não respondeu.

– É um dever imperioso de todo o chefe de família. A excessiva benevolência é também imoralidade – disse ainda o pai.

O mesmo silêncio da parte de Carlos.

– Espero que não tenha deixado adormecer em si tão profundamente os sentimentos de homem, que não compreenda já este dever da minha parte.

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pág. 294 (Capítulo 25)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 294

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432