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Capítulo 28: XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto

Página 318
Era Cecília.

Vejam como ela tentava arrancar da cabeça, ou antes do coração, o que chamara «loucura»!

E desejaria deveras arrancá-la?

Sem ser vista, seguia todos os movimentos de Carlos; viu-o passar; olhar com atenção para as janelas; caminhar mais devagar à medida que se afastava; parar e, parecendo tomar uma súbita resolução, retroceder, atravessar a rua e entrar para o portal da casa.

Cecília recuou, como se pudesse temer ser vista de fora.

Cedo ouviu tocar a campainha da cancela.

Cecília estremeceu e dirigiu-se ao corredor.

Já aí encontrou Antónia, que descia, para ver quem tocava.

– Antónia – disse-lhe rapidamente Cecília – se for alguém a procurar-me… diga-lhe que… não posso falar, que… estou doente… seja quem for… Entende?

– Entendo, sim, menina – respondeu Antónia, com um sorriso de quem entendia de mais.

Foi com modos desabridos que recebeu Carlos…

Este perguntou-lhe se Manuel Quintino tinha ido de facto para o escritório, porque, vendo todas as janelas fechadas, lembrara-se de que tivesse talvez recaído.

Antónia respondeu:

– Pois fique descansado. Foi para o escritório, foi, sim, senhor. Ele agora está bom de todo. E a menina manda dizer que não pode falar a ninguém, porque está doente.

– Doente?! – perguntou Carlos, com uma inflexão de voz que fez quase arrepender Cecília, que o escutava, da ordem que dera à criada.

– Não é coisa de cuidado, graças a Deus – prosseguiu esta –; mas, em todo o caso, não a deixará tão cedo receber visitas… de cerimónia. E há-de dar-me licença, que tenho a minha vida.

E, acto contínuo, ouviu-se bater a cancela, que se fechava.

– Antónia – disse Cecília à criada, assim que esta chegou ao patamar, trazendo nos lábios um sorriso de vitória – a falar verdade, você foi de uma grosseria!

– Ora deixe lá, menina.

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pág. 318 (Capítulo 28)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 318

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432