Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 28: XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto

Página 319
Tudo é preciso com certa gente.

Carlos, ao sair do portal, pensava:

– Despeitos! Será por eu não ter vindo ontem? Deus o queira; tudo se explicará em meu abono e depois o direito a uma compensação será óptimo advogado na minha causa. A indiferença era pior.

Dali foi Carlos para o escritório, onde deu a Manuel Quintino os parabéns, pelo seu restabelecimento.

– Sinto – acrescentou – não ter podido ontem festejar, como tencionava, o seu último dia de doença, mas o que houve lá em casa…

Já sabe?

– Já sei – respondeu Manuel Quintino, que se mostrava algum tanto embaraçado.

– Esta manhã ia com tenção de saber de si – continuou Carlos. – Vendo todas as janelas fechadas, receei que se tivesse sentido pior. Soube, porém, que era sua filha que se achava incomodada.

– Cecília?! – exclamou Manuel Quintino, já assustado.

– Sossegue – respondeu Carlos, sorrindo, porque o espanto de Manuel Quintino acabava de confirmar as suspeitas que tivera. – Pela maneira por que me falou a criada, imagino que não é de gravidade o incómodo. Nem tempo tive de averiguar disso, tal foi a pressa com que ela me fechou a porta. A boa mulher parecia ter medo de mim. Falou-me com um arreganho!

Manuel Quintino fez que sorria; mas era evidente que alguma coisa lhe pesava no coração.

Depois de curta hesitação, aproximou-se de Carlos, e ainda com modo constrangido, disse-lhe, chamando-o de parte:

– Senhor Carlos, eu tenho-o por um homem de bem; por isso prefiro falar-lhe com franqueza a andar com jogo encoberto, que nem é para o meu génio, nem para o seu.

Carlos ficou surpreendido com aquelas palavras, tão inesperadas como misteriosas.

– Então que temos, Manuel Quintino? Fale. Parecem comunicações graves as que tem para me fazer – dizia ele, olhando-o interrogadoramente.

<< Página Anterior

pág. 319 (Capítulo 28)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 319

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432