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Capítulo 28: XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto

Página 321

– Obrigado, Manuel Quintino – respondeu Carlos, apertando-lhe a mão. – É preciso que se me fechem as portas da sua casa.

– Carlos! O senhor bem vê que eu não lhe mereço essa ironia.

– Não é ironia. É efectivamente preciso que eu deixe de visitá-lo. Eu saberei compreender a sua posição; acredite-me. É justo que pague a leviandade com que me afiz a hábitos que, reconheço-o hoje, não eram talvez os que a minha índole me pedia. Paciência.

Manuel Quintino abraçou-o comovido.

À noite, Mr. Richard e Carlos e muitos dos seus amigos assistiram na capela inglesa do Campo Pequeno às cerimónias fúnebres da velha Kate, em cuja sepultura o próprio Mr. Richard lançou, segundo o costume inglês, os primeiros punhados de terra.

No fim do enterro, Carlos despediu-se de Manuel Quintino, que viera assistir ao acto.

O bom homem, já habituado à companhia de Carlos nos serões, não teve mão em si que lhe não dissesse:

– Venha comigo, Carlos; ao menos hoje ainda. Riremos um bocado; isto de ir para casa com as ideias de um enterro na cabeça, não é grande coisa… Venha. É dar muita importância ao mundo, privarmo-nos, por causa dele, da…

– Não, Manuel Quintino; convém por agora interromper as minhas visitas. Talvez um dia o procure, mas… Adeus, adeus.

E voltou a casa.

Jenny viu-o tão melancólico, que lhe disse:

– Charles, quando dantes tinhas alguma coisa que te afligisse, confiavas-ma. Porque já não o fazes agora?

– Jenny, concede-me algum tempo. Talvez, dentro em pouco, eu tenha muito que te dizer e muitos conselhos a pedir-te.

Foi a resposta que obteve.

Carlos não faltou à palavra que dera a Manuel Quintino.

Dois dias se seguiram a este sem que a vizinhança do guarda-livros tivesse que reparar nas assíduas passagens de Carlos por aquela rua, nem a Sr.

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pág. 321 (Capítulo 28)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 321

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432