– Obrigado, Manuel Quintino – respondeu Carlos, apertando-lhe a mão. – É preciso que se me fechem as portas da sua casa.
– Carlos! O senhor bem vê que eu não lhe mereço essa ironia.
– Não é ironia. É efectivamente preciso que eu deixe de visitá-lo. Eu saberei compreender a sua posição; acredite-me. É justo que pague a leviandade com que me afiz a hábitos que, reconheço-o hoje, não eram talvez os que a minha índole me pedia. Paciência.
Manuel Quintino abraçou-o comovido.
À noite, Mr. Richard e Carlos e muitos dos seus amigos assistiram na capela inglesa do Campo Pequeno às cerimónias fúnebres da velha Kate, em cuja sepultura o próprio Mr. Richard lançou, segundo o costume inglês, os primeiros punhados de terra.
No fim do enterro, Carlos despediu-se de Manuel Quintino, que viera assistir ao acto.
O bom homem, já habituado à companhia de Carlos nos serões, não teve mão em si que lhe não dissesse:
– Venha comigo, Carlos; ao menos hoje ainda. Riremos um bocado; isto de ir para casa com as ideias de um enterro na cabeça, não é grande coisa… Venha. É dar muita importância ao mundo, privarmo-nos, por causa dele, da…
– Não, Manuel Quintino; convém por agora interromper as minhas visitas. Talvez um dia o procure, mas… Adeus, adeus.
E voltou a casa.
Jenny viu-o tão melancólico, que lhe disse:
– Charles, quando dantes tinhas alguma coisa que te afligisse, confiavas-ma. Porque já não o fazes agora?
– Jenny, concede-me algum tempo. Talvez, dentro em pouco, eu tenha muito que te dizer e muitos conselhos a pedir-te.
Foi a resposta que obteve.
Carlos não faltou à palavra que dera a Manuel Quintino.
Dois dias se seguiram a este sem que a vizinhança do guarda-livros tivesse que reparar nas assíduas passagens de Carlos por aquela rua, nem a Sr.