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Capítulo 29: XXIX - Os amigos de Carlos

Página 328
, etc…»

Eu pouparei ao leitor a transcrição na íntegra desta carta, que prosseguia assim por mais algumas páginas e em estilo que, provavelmente, lhe deve ser familiar.

Carlos terminava por pedir a Cecília que lhe revelasse também o estado dos seus sentimentos. «Qualquer que seja a resposta, obrigar-me-á a um passo decisivo para o meu futuro», terminava ele.

Acabava de assinar, fechar e sobrescritar esta carta, e pensava na maneira de a enviar ao seu destino, quando ouviu um som de passos e de vozes, que cada vez parecia mais próximo, até que muitas, repetidas e violentas pancadas fizeram oscilar a porta do quarto, como se ameaçassem um arrombamento.

Carlos levantou-se em sobressalto, sem que lhe ocorresse logo a explicação de todo aquele ruído.

– Olá, santo ermitão – dizia uma voz pelo buraco da fechadura –, abri a porta a uns pobres romeiros, que de longe vêm, atraídos pela fama da vossa piedosa vida.

– Monsieur Charles – continuava a outra voz – las des soins d'ici bas, se retira loin du tracas, à maneira do rato da fábula que se penitenciava em um queijo; queira Deus que este também…

– Por causa de uma mulher recolheu-se Aquiles à tenda, abandonando os companheiros. Os invulneráveis têm estas fraquezas.

– Alto lá, a insinuação é grave ou, pelo menos, antecipada. Nada de condenar antes de ouvir.

– Abre, abre, Carlos; por ordem superior!

Carlos teve alguns momentos de hesitação.

A vozearia redobrava; repetiam-se, com mais violência, as pancadas na porta.

Resolveu-se, enfim, a abri-la.

Entraram. Eram os principais companheiros dos seus passados divertimentos, muitos dos quais já encontrámos naquele jantar da Águia de Ouro. Fartos de o aguardarem todas as noites, sem que em nenhuma de tantas o vissem aparecer, tinham resolvido procurar esse trânsfuga dos seus arraiais.

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pág. 328 (Capítulo 29)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 328

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432