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Capítulo 30: XXX - Peso que pode ter uma leviandade

Página 349
Corremos. Ainda assistimos ao fechar da porta… e agora esta demora pouco delicada… a tua má vontade… Demais a alguns pareceu ouvir rumor de vozes aqui dentro. Ora vamos; confessa.

– Não te faças piegas; que sentimentalismos são esses?

– Tu que nestas coisas foste sempre dos mais exigentes; que sempre pugnaste por os direitos de boa camaradagem!…

– Eu que o diga. Lembras-te, daquela vez na Carriça?

– E em Leça comigo? Cheguei a desesperar com as exigentes curiosidades deste senhor.

– Vê lá se preferes que a procuremos.

– Querem obrigar-me a ser incivil, mandando-os sair?

– Incivil estás tu sendo já.

– E tu a fazeres drama, Carlos! Desconheço-te.

– Está decidido – disse o louro adamado – o homem reage. O remédio é fácil. Procuremo-la. Ele por certo que a não confiou à família para guardar. Deve estar escondida aqui.

– Batamos a mata. A gazela há-de aparecer.

E num instante principiou desordenada pesquisa em todo o aposento. Não houve móvel nem esconderijo que não fosse revistado.

– E na biblioteca? – disse por fim uma voz.

– É verdade! Na biblioteca! – repetiram os outros.

E todos caminharam para lá.

Carlos tremeu por Cecília.

– Proíbo-lhes que abram essa porta! – exclamou, com voz perturbada.

– Bravo! Acertámos! Ouvem-no?

– Ah! diavolo! Está fechada por dentro.

Carlos respirou.

– É a primeira vez que me lembra achá-la assim. Mistério! Deixa ver se pela fechadura…

– Carlos, abre ou manda abrir esta porta.

– Escutem. Há rumor lá dentro.

– Deixa ouvir.

– É ela.

O que espreitava continuou:

– Parece-me que vi agora o vestido de uma mulher.

– Ah!

– Foi ler Paulo e Virgínia. Conselho de Carlos, que está dado a leituras brandas.

– Ah! ah! ah!

– Psiu! Calai-vos.

Carlos levantou-se desesperado.

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pág. 349 (Capítulo 30)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 349

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432