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Capítulo 31: XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino

Página 357

– Que negócio? Por que negócio hei-de eu vigiar? Eu não a entendo.

– Pois não tem visto deveras o que por aí vai?

– Eu não; você bem sabe que eu fecho a casa com as costas e por isso…

– Então aquelas visitas do filho do inglês…

– Adeus, adeus! Cuidei que era outra coisa! – redarguiu Manuel Quintino, encolhendo os ombros. – Aí vem você também. Pobre rapaz! Lá por ter suas verduras, já não pode entrar em uma casa que não digam logo… Que mundo este!…

– Ai, e julga que não é assim? Então está bom. Pois ande lá, ande…

– Mas na verdade você imaginou? Ó mulher, não viu como foi e por que foi que aquele pobre moço veio aqui a primeira vez?

– Eu, não, senhor. Pois olhe que tenho pensado bem nisso…

– Pois não se lembra daquela tarde em que eu tardei e que Cecília…

– Se me faz favor, não foi essa a primeira vez.

– Foi, sim.

– Não foi, não, senhor.

– Ó mulher! Que demónio de cabeça a sua! Pois, na verdade, não se lembra?…

– Eu só me lembro de que, muito tempo antes desse dia, veio aqui uma tarde aquele senhor; perguntou pela menina, disse que lhe queria falar; eu mandei-o para a sala; a menina foi ter com ele; ao vê-lo fez-se vermelha, como uma romã, e mandou-me sair; e eu ouvi-os estar a conversar perto de meia hora…

– Você está doida, mulher?

– Não estou, não, senhor.

– Quando foi isso?

– Logo depois do Entrudo. Lembra-me bem de que foi três ou quatro dias depois daquele em que deixou ir a menina com as do Matos; coisa que eu, no seu lugar, não fazia, mas…

– Mas Cecília não me falou nunca nessa visita!

– Isso sei eu.

– E você?…

– A menina recomendou-me que não lhe dissesse nada, porque era uma surpresa que lhe queriam fazer… Mas, por mais que eu lhe perguntasse o que era, nada de novo.

Manuel Quintino principiava a sentir-se inquieto.

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pág. 357 (Capítulo 31)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 357

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432