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Capítulo 31: XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino

Página 360

– Que danada tenção tem você hoje de me inquietar, mulher? Que maldita suspeita é essa, língua de víbora? Não vê que pode matar-me com essas palavras envenenadas, não vê, demónio?

– Deus me perdoe, Sr. Manuel Quintino, que não faço isto por mal. Mas sabe o amor que tenho à família, e não queria que alguma desgraça acontecesse…

– Cale-se, mulher, cale-se! Eu sei que são boas as suas intenções; mas Cecília disse-me que Jenny fora quem a convidara.

– Pois eu não digo que não. Eu sei até que a menina ontem recebeu uma carta de mando da Sr.a Jenny; ela não me disse o que ela continha, nem eu lho perguntei. Mas, esta manhã, logo depois que saíram, veio aí um criado de lá com outra carta; não era o mesmo, mas sim um que eu vi, no dia do passeio com a comediante, e que, pelos modos, é criado só do rapaz. – De quem vem essa carta? – perguntei-lhe eu. – «Vem – disse o brejeiro, com modos avelhacados e sorrindo – vem de miss Jenny.» Mas, eu não sei… a carta é tão diferente das que…

– E essa carta? – perguntou Manuel Quintino, fora de si.

– Essa carta está lá dentro.

– E Cecília?…

– Esta não a leu ela, porque veio depois que saíram.

– Vá buscar-ma.

– Mas talvez seja da filha, talvez; eu…

– Vá buscar-ma – exclamou Manuel Quintino, elevando mais a voz.

Em poucos momentos foi executada a ordem.

Manuel Quintino passeava, levava as mãos à cabeça, fechava os olhos, aspirava em ânsia, parecia louco.

Antónia trouxe a carta. Manuel Quintino lançou os olhos para o sobrescrito e estremeceu.

Reconhecera o talhe da letra de Carlos!

Deixou-se cair com desalento na cadeira que tinha próxima.

– Ó meu Deus! Estarei destinado a este infortúnio?… – murmurava ele, com a cabeça escondida entre as mãos, através das quais passavam as lágrimas.

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pág. 360 (Capítulo 31)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 360

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432