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Capítulo 33: XXXIII - Em honra de Jenny

Página 374
Avisei-o.

– Ó Jenny!

– Avisei-o; porque, bem vê, Cecília, todos os sacrifícios são dolorosos. Sacrificar orgulhos, sacrificar vaidades, sacrificar até caprichos, tudo é sacrificar; e eu não imagino que isso se faça sem esforço; mas os sacrifícios do coração… oh! esses…

– Matam! – concluiu Cecília, quase insensivelmente.

– Pois não matam? Isso sabia… quero dizer – emendou a sorrir – isso supunha eu. Por isso pedi a Carlos que se esquecesse… Sim, que se esquecesse; no tempo em que eu lhe pedi isto, talvez ainda não viesse daí grande mal.

Cecília não respondeu. Um suspiro respondeu por ela.

– E quem sabe – prosseguiu Jenny, olhando-a – se seria eu a que me enganava ao pensar assim! É certo, porém, que meu irmão não me obedeceu.

– Não? – interrompeu Cecília, com expressão de dúvida.

– Não; longe de esquecer, avivou impressões, e, em poucos dias, eram já tão fundas, que me assustavam.

Cecília meneou a cabeça ainda, como quem duvida.

– Vamos, Cecília; não me olhe dessa maneira. Quem lhe ensinou a desconfiar assim? Com quem aprendeu esses modos de sorrir, tão pouco da sua idade?

Cecília baixou, silenciosa, a cabeça.

– Convencida de que se passavam coisas novas no coração de meu irmão…

– E convenceu-se disso?

– Convenci. Não eram os antigos caprichos muito meus conhecidos. Não eram aquelas fantasias, que tão bem se davam com os seus hábitos de vida, que nem o obrigavam a alterá-los.

– Não eram?

– Não. Com grande espanto meu, vi-o mudar. Fez voluntariamente o que nem os meus rogos… – pois eu creio que bem vontade teria de me satisfazer –, o que nem os meus rogos haviam conseguido. Desde que o percebi, desde que assim o vi tão outro do que sempre fora, mudei também de pensar. O meu único fim, Cecília, creia, era a felicidade de Carlos e a sua.

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pág. 374 (Capítulo 33)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 374

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432