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Capítulo 34: XXXIV - Manuel Quintino alucinado

Página 383
a esperança, perguntou ansiosamente:

– Falsa?

– Sim, falsa – repetiu Jenny com firmeza –; tão falsa, como cruel! Eu sei o que a motiva…

Mas se, em dezoito anos de convivência com Cecília – que são todos os que ela tem de vida – Manuel Quintino aprendesse a conhecê-la, se depositasse mais fé nos nobres sentimentos daquele coração, que é obra sua, se tivesse mais confiança em sua própria filha, hesitaria sempre ao acusá-la, e não viria aqui soltar essas expressões que a poderiam perder, embora inocente…

A porta da sala, em que Cecília ficara, abriu-se, e a filha de Manuel Quintino apareceu, pálida e sobressaltada, porque tinha reconhecido a voz do pai e suspeitado de tudo.

Jenny, vendo-a, caminhou apressada para ela, e, apertando-a nos braços, disse para Manuel Quintino:

– A filha, de quem vinha saber, estava comigo. Receia ainda por ela?

Manuel Quintino correu para Cecília e abraçou-a com frenesi.

Mas as suspeitas, que as informações de Antónia lhe haviam feito nascer, não estavam de todo sufocadas naquele espírito.

Reparando na palidez e no ar de abatimento da filha, e lembrando-lhe a anterior confusão de Carlos, Manuel Quintino afastou-a brandamente de si, fitou-a por algum tempo em silêncio e perturbado, e depois disse, com tristeza e afecto:

– Porque estás assim pálida e comovida, filha? Porque perdeste aquela alegria de outros tempos? Porque choraste?

E, voltando-se para Carlos, acrescentou já sem a primeira veemência, mas ainda com amargura:

– A quem hei-de eu pedir contas destas lágrimas, Sr. Carlos? Das dela… e das minhas?

Cecília, ouvindo-o dizer isto, encostou-se vacilando ao seio de Jenny.

– Basta, Manuel Quintino! – disse esta em voz severa. – Respeite-se! Essa exaltação é indigna de si. Respeite-se e peça perdão a Deus do que está fazendo padecer a este anjo com essas palavras.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 383

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432