a esperança, perguntou ansiosamente:
– Falsa?
– Sim, falsa – repetiu Jenny com firmeza –; tão falsa, como cruel! Eu sei o que a motiva…
Mas se, em dezoito anos de convivência com Cecília – que são todos os que ela tem de vida – Manuel Quintino aprendesse a conhecê-la, se depositasse mais fé nos nobres sentimentos daquele coração, que é obra sua, se tivesse mais confiança em sua própria filha, hesitaria sempre ao acusá-la, e não viria aqui soltar essas expressões que a poderiam perder, embora inocente…
A porta da sala, em que Cecília ficara, abriu-se, e a filha de Manuel Quintino apareceu, pálida e sobressaltada, porque tinha reconhecido a voz do pai e suspeitado de tudo.
Jenny, vendo-a, caminhou apressada para ela, e, apertando-a nos braços, disse para Manuel Quintino:
– A filha, de quem vinha saber, estava comigo. Receia ainda por ela?
Manuel Quintino correu para Cecília e abraçou-a com frenesi.
Mas as suspeitas, que as informações de Antónia lhe haviam feito nascer, não estavam de todo sufocadas naquele espírito.
Reparando na palidez e no ar de abatimento da filha, e lembrando-lhe a anterior confusão de Carlos, Manuel Quintino afastou-a brandamente de si, fitou-a por algum tempo em silêncio e perturbado, e depois disse, com tristeza e afecto:
– Porque estás assim pálida e comovida, filha? Porque perdeste aquela alegria de outros tempos? Porque choraste?
E, voltando-se para Carlos, acrescentou já sem a primeira veemência, mas ainda com amargura:
– A quem hei-de eu pedir contas destas lágrimas, Sr. Carlos? Das dela… e das minhas?
Cecília, ouvindo-o dizer isto, encostou-se vacilando ao seio de Jenny.
– Basta, Manuel Quintino! – disse esta em voz severa. – Respeite-se! Essa exaltação é indigna de si. Respeite-se e peça perdão a Deus do que está fazendo padecer a este anjo com essas palavras.