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Capítulo 34: XXXIV - Manuel Quintino alucinado

Página 384
Vamos, Cecília, não podemos ficar mais tempo junto de quem, devendo ser o primeiro a fazer-lhe justiça, é o primeiro a ofendê-la, duvidando de si. Vamos.

Manuel Quintino ergueu as mãos para Jenny.

– Espere! espere! E se tem poder para me tirar do coração isto, que me esmaga, faça-o, faça-o! Por muito que os outros sofram, quem sofre aqui mais sou eu!

Havia na voz do pobre pai a comoção mais sincera.

Jenny parou a escutá-lo.

Manuel Quintino estendeu para ela a carta de Carlos, que trouxera consigo.

– Quem escreveu esta carta a minha filha?

Jenny ficou enleada à vista da carta; olhou para Carlos, cuja fisionomia lhe disse tudo.

Cecília ergueu também a cabeça com espanto.

Em Manuel Quintino, que notou a perturbação de Jenny, redobrou com isto a ansiedade, e, sem atender a que ia sacrificar Cecília, insistiu imprudentemente.

– Quem escreveu esta carta a minha filha? Esta carta recebida ainda há poucas horas? Ela aí está ainda como me chegou às mãos. Abram-na, leiam-na, e, se o que contiver não justificar as minhas suspeitas… se…

E Manuel Quintino, ao dizer isto, ia já a abrir a carta, quando a voz de Mr. Richard o deteve.

– Não é preciso, essa carta é minha.

Eram as primeiras palavras ditas por o velho inglês, desde o princípio da cena, à qual assistira até então imóvel e silencioso. Mr. Richard Whitestone era homem de rápida percepção e de resoluções não mais demoradas.

Entrando-lhe a inteligência em uma corrente de pensamentos, em poucos instantes lhe atingia o fim e, acto contínuo, formulava a si mesmo um plano de procedimento, que logo punha em prática. Tinha já compreendido tudo; a confusão de Carlos e o seu grau de culpabilidade, os fundamentos da acusação de Manuel Quintino e a generosa e nobre intervenção de Jenny.

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 384

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432