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Capítulo 34: XXXIV - Manuel Quintino alucinado

Página 386

Era um destes expedientes heróicos, que tudo podem perder ou salvar.

Servem-se deles, em ocasiões assim, os homens de coragem e de suficiente confiança em si próprios, para não recearem trair no semblante a posição crítica em que ficam colocados, depois de os empregarem.

A esses tais é quase sempre o meio eficaz e salvador.

Manuel Quintino não ousou aceitar a prova que se lhe oferecia. – Os hábitos de respeito, contraídos em longos anos de serviço e que um momento de indignação, quase de delírio, lhe tinha feito esquecer, dominaram-no de novo, restituindo-lhe a sua natural brandura e timidez de carácter.

– Perdão – disse ele, quase com humildade e como arrependido já da excitação anterior. – Perdão; eu julguei…

– Está bom, está bom – atalhou Mr. Richard com modo de quem não desejava continuar no assunto. – É preciso ser menos… pronto em obedecer a… certas exaltações… inconvenientes.

O epíteto foi dito depois de alguma hesitação em adoptá-lo.

Manuel Quintino ia ainda a abrir a boca para desculpar-se, porém Mr. Richard o impediu.

– Não falemos mais nisto… Não vale a pena. Sente-se e faça-nos companhia à mesa.

– Perdão, Mr. Richard, mas… Mr. Richard fingiu que o não ouvia; chamou por um criado para preparar o lugar e talher para Manuel Quintino. Este sentou-se, quase sem bem reparar no que fazia.

Jenny e Cecília saíram outra vez da sala.

O jantar continuou.

Tinha porém perdido para sempre a feição jovial do princípio.

O que se passara e a presença de Carlos e de Manuel Quintino, qual deles mais constrangido e sombrio, inutilizavam todos os esforços de Mr. Richard para restabelecer no diálogo a perdida animação.

As libações repetiram-se, mas sem longos toasts.

– A seu sobrinho, Mr. Brains! – dizia por exemplo Mr.

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pág. 386 (Capítulo 34)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 386

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432