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Capítulo 34: XXXIV - Manuel Quintino alucinado

Página 387
Richard, bebendo.

Mr. Brains fazia uma mesura a agradecer. Os outros levavam os cálices aos lábios.

– A seu amigo Roxboy, Mr. Whitestone! – dizia em seguida Mr. Brains.

Mr. Whitestone agradecia; os outros repetiam a saudação, como anteriormente.

– Mr. Morlays, a seu tio das Índias!

Mesura de Mr. Morlays. Os outros como antes.

Estes mesmos lacónicos toasts terminaram. A feição da assembleia carregava-se cada vez mais.

Mr. Richard fez um último esforço para a desanuviar.

– Outra canção, Mr. Brains! – disse ele, enchendo-lhe o copo.

O inglês fitou Mr. Richard com olhos de estremunhado.

– Eu cantar! Para a transição ser menos sensível, que cante Mr. Morlays primeiro.

Mr. Morlays grunhiu um monossílabo imperceptível e esvaziou até à última gota o cálice que tinha defronte de si.

– Então cante Mr. Morlays – insistiu Mr. Richard, sem grandes esperanças de o convite ser aceite.

Contra a expectativa geral, o sorumbático inglês levantou-se e, enfiando as mãos nos bolsos do colete, pronunciou, em tom fúnebre, o nome da canção que se propunha a cantar.

– The old saxton – o velho coveiro – de Park Benjamim.

Mr. Brains fez um gesto de arrepiado. Mr. Morlays, imperturbável, principiou cantando.

Eis o sentido da canção que ele, com esquisito tacto da oportunidade, julgou dever escolher:

«Junto de uma sepultura, cavada de pouco, estava o velho coveiro, encostado à enxada, já gasta pelo uso. Tinha terminado a tarefa e parara à espera do cortejo funeral que transpunha naquele momento a porta aberta do cemitério. Era uma relíquia do tempo passado este velho! Os cabelos estavam-lhe tão brancos, como a espuma do mar; e dos lábios trémulos saíam-lhe, em voz submissa, estas palavras: – Venham! venham! que eu os guardo todos!

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 387

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432