Uma Família Inglesa - Cap. 34: XXXIV - Manuel Quintino alucinado Pág. 393 / 432

Escusava de ter deixado que da boca de um estranho, e diante de testemunhas, caísse sobre o nome de seu pai e de sua irmã uma acusação grave e que nós mentíssemos para o salvar. Esses escrúpulos vêm bastante tarde. Deve confessar.

Carlos curvou a cabeça e ficou silencioso.

Mr. Richard ficou também algum tempo calado, depois prosseguiu:

– É verdadeiro tudo quanto diz nessa carta! Lembre-se de que ainda há poucos dias marcava nesta mesma casa, na casa em que habita sua irmã, entrevistas a…

Carlos não o deixou continuar.

– Peço-lhe que não renove essa insinuação, senhor; já dei a minha palavra em como ela era injusta. Não posso oferecer prova mais convincente, mas custa-me deveras ver que me recusam esta. No dia em que sucedeu o facto a que alude, nesse dia em que pela primeira vez ouvi o epíteto de infame da boca de meu próprio pai, já eu me sentia bem outro do que tinha sido até ali. Creia-me, senhor; não é uma vã inclinação, um efémero capricho de rapaz o que sinto por Cecília. A única importante mudança de carácter, que tenho experimentado na vida, operou-a ela sem uma palavra, sem uma tenção formada, sem denunciar um desejo. Adivinhei-a talvez, mas não que ela se me revelasse nunca. Cecília só de per si conseguiu, e sem esforço, o que nem as repreensões de meu pai, nem os conselhos e os pedidos de Jenny haviam conseguido nunca, por isso creio na sinceridade dos meus sentimentos para com ela, por isso…

Mr. Richard escutava o filho com manifesta impaciência; parecia que lhe seria quase tão desagradável o ver Carlos conseguir justificar-se da maneira por que o estava fazendo, como persistir sob a acusação de menos leal que lhe tinha sido feita.

O amor-próprio de Mr. Richard – porque, enfim, é forçoso confessar que Mr.





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