– Doida! Então não me fazes a justiça de acreditar que a força da minha razão seria bastante para vencer esses preconceitos de educação… quando os tivesse? – disse Mr. Richard, porém de modo que estava justificando Jenny.
– Assim o espero; por isso é que…
– Não – interrompeu Mr. Richard –; não é isso o que me faz hesitar. O motivo é diverso. É porque não creio na duração dos sentimentos de Carlos; é porque lhe conheço o carácter leviano, e hesito por essa razão em fazê-lo chefe de uma família, que ele não saberia guiar e que tornaria desgraçada.
– Não é justo para com seu filho, senhor. Ele herdou os dotes do seu coração. É leal e generoso. E será salvá-lo, fazê-lo entrar pelo coração no caminho do dever.
– Dizes-te amiga de Cecília, Jenny, e não hesitas em arriscar-lhe assim imprudentemente a felicidade?
Jenny demorou algum tempo sobre o pai um olhar quase malicioso.
– Eu, pelo menos – disse ela por fim – tenho uma garantia: é o coração de Charles, que está do meu partido; mas ainda há bem pouco tempo que o pai concebia outra aliança para meu irmão, à qual até este pequeno auspício faltava. Que fez da confiança que então depunha em seu filho, ao querer fazê-lo chefe de uma família? Por que não hesitava então, e hesita agora? Ser-lhe-ia indiferente a felicidade de Alice Smithfield, da filha do seu amigo? Decerto que não; mas é que sabia que Charles, prometendo fazê-la feliz, havia de ser fiel a essa promessa. E agora…
Mr. Richard não atinou com a resposta que desse a este argumento da filha.
Ergueu-se e voltou a passear.
Daí a instantes parou e, dirigindo-se a Jenny, disse:
– E demais, se, depois do que sucedeu diante de testemunhas, eu fosse seguir o teu conselho, não sofreria a reputação dessa pequena com