Jenny foi direita ao fim da visita.
– Minha senhora – disse ela –, eu chamo-me Jenny Whitestone.
A senhora estremeceu de surpresa. Jenny prosseguiu com uma concisão verdadeiramente inglesa:
– Venho de propósito procurá-la, e não sei ainda a quem tenho a honra de falar. O fim da minha visita é este: Meu irmão, Carlos Whitestone, saiu há dias de casa na companhia de uma senhora; entrou em uma loja de ourives, e vendeu um relógio, que, pouco tempo antes, recebera de meu pai. – Este facto foi sabido; meu pai experimentou com isto grande desgosto, e esta acção de Carlos tem sido interpretada de maneira desfavorável para ele e trazido consigo dissensões domésticas, que trabalho por aplacar. Meu irmão afiança não ter sido indigno o motivo do sacrifício que fez daquela dádiva do afecto paterno; insiste porém em não o explicar. Eu creio na palavra de Carlos, porque o conheço; mas nem todos depositam nele a mesma confiança. Soube por acaso que era V. Ex.a a senhora que naquela manhã acompanhava meu irmão. Poderei obter de V. Ex.a provas para a justificação de Carlos?
Enquanto Jenny falava, a senhora mostrava-se cada vez mais agitada, como se diversas sensações se combatessem nela. Ao ouvir-lhe esta pergunta, respondeu com as lágrimas nos olhos:
– Pode, sim, minha senhora; mas… depois de V. Ex.a as ver, dirá se me será possível deixar de pedir-lhe que não use delas.
– Como? – perguntou Jenny, admirada.
Em vez de responder, a senhora levantou-se e aproximou-se de uma secretária, que abriu. Voltou dentro em pouco, trazendo alguns papéis na mão.
– Eu sou a mãe de Paulo, o caixeiro do escritório do Sr. Whitestone.
– Ah!
– Queira ler esta carta, minha senhora.
Era uma carta de Paulo à mãe.
Jenny leu; a meia leitura, saltavam-lhe já as lágrimas dos olhos e compreendia tudo.