Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 37: XXXVIII - Justificação de Carlos

Página 416

Depois contou toda a entrevista com Carlos, a quem ela recorrera desesperada. A pronta disposição deste para valer-lhe; como, obtida com a venda do relógio a soma do alcance de Paulo, Carlos a acompanhou à Foz, até bordo do navio, e lhe restituíra o filho, que ela já supunha perdido.

– Horas depois – concluiu ela – recebia eu em casa este bilhete de Paulo.

Jenny leu-o. Dizia apenas:

«Tudo está salvo, minha boa mãe. A generosidade do Sr. Carlos livrou-me da desonra. Resta-me o dever da regeneração, que sinto agora mais vivo do que nunca.»

– E agora diga, minha senhora, devo acusar meu próprio filho? Não era por mim que ele se perdia? E devo pagar-lhe assim? É de justiça, bem sei; mas… perdoe-me se me falta a coragem. Não desculpará esta fraqueza a uma mãe?

Jenny abraçou-a com ternura.

– Tranquilize-se, minha senhora. Não é a esse coração que eu pedirei tal sacrifício. Deus me inspirará algum meio de valer a todos. Sinto-me agora com força para tudo.

– Pobre Paulo! O muito amor que me tem foi que o levou àquilo. Ainda hoje sente remorsos tão vivos!… Ele bem faz por se alegrar, mas… conheço que lhe pesa esta pena dentro da alma. «Se eu fosse só – disse-me ele há dias – se a minha desgraça não pudesse cair sobre a cabeça de mais ninguém, eu já teria confessado tudo! Envergonho-me de mim mesmo, quando penso no meu silêncio.» E eu, senhora, que abençoaria a hora em que espontaneamente ele o confessasse, não tenho coragem para dizer-lhe: Fala! Parece-me quase uma ingratidão… Era como se eu própria, sabendo que ele se desonrara por mim, o apontasse desonrado aos olhos dos outros.

Jenny consolou a pobre mãe e prometeu-lhe não revelar a alguém o que dela acabara de saber.

Saiu dali com a alegria no coração a generosa irmã de Carlos.

<< Página Anterior

pág. 416 (Capítulo 37)

Página Seguinte >>

Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 416

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432