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Capítulo 4: IV - Um anjo familiar

Página 46
Naquele estado, coitada!… Sabe lá a falta que lhe estará fazendo?

– Mas, se…

– Vá; Carlos não lhe importa. Eu lhe direi. Ande, vá.

– Então muito agradecido, minha senhora – disse o rapaz, sensibilizado com a bondade da sua jovem ama.

Jenny continuou passeando.

Ao passar junto das escadas do mirante, parou, afirmando-se em alguma coisa que via nelas. Subiu dois ou três degraus e curvou-se para observar melhor; era uma pena de ave que o vento transportara do pátio para ali. Jenny não pôde reprimir um pequeno movimento de desagrado.

O escrupuloso amor do asseio, radicado no carácter e nos hábitos ingleses, não lhe permitia ver com indiferença aquilo.

– Varreram-se hoje as escadas, Pedro? – perguntou ela a um criado, com longo avental branco, que naquele momento passava no corredor.

– Varreram, sim, minha senhora – respondeu este.

– Repare – acrescentou Jenny. – A falar verdade são bem pouco cuidadosos. Veja esse corrimão cheio de pó.

– É que se tornou a sujar. O vento…

– Seria; mas não tira que se limpe outra vez.

– Decerto; eu vou já.

– E olhe – continuou Jenny, indicando as vidraças que davam para o jardim – passe também com um pano humedecido por esses vidros tão baços e dê lustro aos metais dos fechos.

– Sim, minha senhora; e digo também ao hortelão que ensaibre o jardim; depois da chuva que tem caído bem precisa disso – lembrou o criado, como todos desta classe, mais zeloso em superintender nas tarefas dos outros do que em cumprir as suas.

Jenny fez um gesto de assentimento e passou para diante. Entrou na sala de jantar.

Lançou um olhar para a mesa onde, sobre toalha de alvíssima bretanha, brilhavam os mais puros cristais e a mais preciosa louça inglesa.

Esteve algum tempo a examinar com atenção as particularidades do serviço, acusando por vezes no gesto algum defeito que percebia.

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pág. 46 (Capítulo 4)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 46

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432