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Capítulo 5: V - Uma manhã de Mr. Richard

Página 58

– Ho! – repetiu Mr. Richard.

Jenny olhou para o criado de maneira que lhe deu a conhecer a inconveniência da correcção.

– Foi uma promessa que Charles fez a uns amigos… – disse ela – e só soube o dia que era, quando já não ia a tempo de recusar.

Mr. Richard não precisava de ouvir mais nada, para suspender as suas censuras. Tinha já perdido o hábito de discordar da filha. Por isso só respondeu, lendo o Times:

– Sim, sim. Está bom. O mal dessas extravagâncias é dele e por isso…

Nisto entrou, aos saltos, na sala um desses pequenos cães felpudos, pretos e pardos, verdadeiros Átilas dos ratos e rivais dos velhos exterminadores desta raça perseguida.

– Ó Butterfly, good morning! How do you do, sir? – exclamou Mr. Richard, saudando o seu cão predilecto, que lhe estendeu a pata como para um shake-hand. Havia nisto um requerimento a uma fatia de fiambre, o qual o inglês não indeferiu.

O pequeno quadrúpede sentou-se então com familiaridade na cadeira devoluta ao lado do seu dono, fazendo a devida justiça às sobras do lunch que lhe cabiam em partilha.

Jenny erguia-se a cada momento para servir o pai, atendendo a particularidades, fúteis de mais para merecerem a observação do criado ou de outrem que não fosse uma filha.

Numa destas ocasiões, Mr. Richard, como se não tivesse perdido ainda o fio da conversa anterior, disse a meia voz:

– É que há oito dias que nem aparece no escritório e… é feio isso.

Jenny não respondeu.

Era claro que durante todo o tempo, em que tinham guardado silêncio, o mesmo pensamento ocupara o espírito de ambos.

Receio que os redactores do Times não tivessem desta vez conseguido cativar a atenção do seu leitor.

Levantou-se por fim o inglês.

Lavando as mãos e estendendo a vista pelos floridos tabuleiros do jardim, murmurava ainda:

– Parece mal.

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pág. 58 (Capítulo 5)

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Capa do livro Uma Família Inglesa
Páginas: 432
Página atual: 58

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Espécie de prólogo, em que se faz uma apresentação ao leitor 1
II - Mais duas apresentações, e acaba o prólogo 11
III - Na Águia de Ouro 21
IV - Um anjo familiar 42
V - Uma manhã de Mr. Richard 53
VI - Ao despertar de Carlos 61
VII - Revista da noite 71
VIII - Na praça 81
IX - No escritório 94
X – Jenny 110
XI – Cecília 119
XII - Outro depoimento 128
XIII - Vida portuense 139
XIV - Iminências de crise 159
XV - Vida inglesa 168
XVI - No teatro 182
XVII - Contas de Carlos com a consciência 197
XVIII - Contas de Jenny com a consciência de Carlos 212
XIX - Agravam-se os sintomas 222
XX - Manuel Quintino procura distracções 236
XXI - O que vale uma resolução 247
XXII - Educação comercial 262
XXIII - Diplomacia do coração 277
XXIV - Em que a senhora Antónia procura encher-se de razão 283
XXV - Tempestade doméstica 290
XXVI - Ineficaz mediação de Jenny 298
XXVII - O motivo mais forte 305
XXVIII - Forma-se a tempestade em outro ponto 312
XXIX - Os amigos de Carlos 326
XXX - Peso que pode ter uma leviandade 344
XXXI - O que se passava em casa de Manuel Quintino 353
XXXII - Os convivas de Mr. Richard 362
XXXIII - Em honra de Jenny 371
XXXIV - Manuel Quintino alucinado 381
XXXVI - A defesa da irmã 397
XXXVII - Como se educa a opinião pública 406
XXXVIII - Justificação de Carlos 412
XXXIX - Coroa-se a obra 422
Conclusão 432